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quinta-feira, 4 de outubro de 2018

GOTY Edition



andando no shopping, passou em frente ao quiosque que vendia as camisetas maneiras. Parou pra olhar, cumprimentando com um aperto de mão o vendedor, já conhecido. Viu uma camiseta da Gwen-Aranha.
Pensou nela.
Em como gostava de passear de mãos dadas com ela. Os dois lado a lado, andando a passos rápidos. Perguntou-se se, alguma vez, andara rápido demais com ela. Era consideravelmente mais alto. Quantas vezes teria a feito andar mais rápido do que o recomendável usando salto alto... Mas não conseguia se conter. Quando estavam juntos ele não conseguia se conter. Não sentia que precisava. Podia ser ele mesmo, com todas as chatices e rabugices inerentes, ele se sentia à vontade para não tentar impressionar, não usar nenhuma máscara, nenhum disfarce. Nada além da própria pele.
Pensou que, se estivesse juntos ali, ele tentaria dar a camiseta de presente pra ela.
Gostava da maneira quase infantil com a qual ela recebia presentes.Lembrou-se de esperá-la tomar banho lendo um dos gibis dela, uma vez.
Sentara-se no chão como quando era pequeno e lera uma história dos Vingadores, rindo sozinho na sala da casa dela. Lembrava-se de como ela surgira, enrolada na toalha, para saber do que ele estava rindo. E ele, um idiota completo, comentou a história animadamente, sem dar-se conta de que ela estava ali, molhada e nua, a apenas alguns centímetros de pano do toque de suas mãos e boca. Era um dos males de ser ele mesmo com ela. Quando era ele mesmo inevitavelmente cometeria atos de rematada parvalhice, porque era, afinal de contas, parte de sua natureza.
Mas ela não parecia se importar...
Viu uma estampa da Aliança Rebelde. Lembrou-se dela lhe dando uma camiseta de presente. Era outra coisa adorável. A forma como ela parecia ficar ansiosa quando lhe entregava um embrulho. Como se os minutos entre ele ter o pacote nas mãos e a hora de abrir fossem longos demais para ela se conter sem balançar levemente o corpo, ou mexer os pés em antecipação.
Sorriu pensando nisso, e lembrou-se do sorriso dela.
De como ela movimentava o rosto quase como um desenho animado, fazendo expressões de pidona ou de curiosa ao convidá-lo para algo esperando sua resposta, ou como ela ria uma risada gostosa quando ele dizia uma bobagem, ou quando ela, simplesmente não parecia disposta a dignificar o que ele dissera com a devida seriedade.
Agradeceu e se despediu do vendedor, recolocando os fones de ouvido, exatamente quando começava a tocar You Shook Me All Night Long, do AC/DC.
Pensou nela.
De alguma forma era uma das músicas que sempre o faziam lembrar deles. Ouviu a letra Cause the walls start shaking The earth was quaking My mind was aching And we were making it and you Shook me all night long Yeah you shook me all night long, e lembrou-se da primeira noite que passaram juntos, e que interromperam apenas porque o dia já havia começado a raiar e ela precisava fazer uma prova dali a algumas horas. Já estava irremediavelmente apaixonado àquela altura. Simplesmente estava. Mas ao se despedir dela e voltar pra casa naquela manhã, tinha a certeza inabalável de que era aquilo. Não ficaria melhor. Não tinha pra onde melhorar. Era o pacote completo. Era tudo aquilo que alguém poderia desejar. Ela era a edição Game of the Year de uma namorada.

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