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segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Resenha Série: Demolidor, temporada 3, episódio 1: Resurrection


Thanos estalou os dedos e lá se foram metade das séries Marvel/Netflix, por sorte uma das séries que sobrou (ao menos até o momento) foi Demolidor, que é, sem a mais remota sobra de dúvida, a melhor série da parceria com folga (ainda que Justiceiro esteja bem próxima...).
Não víamos o justiceiro cego de Hell's Kitchen desde que o prédio do Tentáculo em Midland Circle desabou em cima dele e de Elektra no final de Os Defensores. Claro, a audiência já sabia que Matt Murdock (Charlie Cox) havia sobrevivido e estava sendo tratado por freiras, mas os minutos iniciais do episódio nos mostram como Matt foi parar lá.
Mais do que isso, esses minutos iniciais do capítulo mostram o tamanho do trauma sofrido por Matt após a batalha e o desmoronamento, e o custo da sobrevivência para seu corpo, mente e espírito.
Matt é auxiliado pelo padre Lanton (Peter McRobbie) que o deixa sob os cuidados da irmã Maggie (Joanne Whalley) no orfanato onde ele foi criado após o assassinato de seu pai.
Maggie está lá cuidando de órfãos desde que Matt era um menino e conhece bem o diabo da guarda de Hell's Kitchen (nos quadrinhos, a ligação dos dois é ainda mais profunda, veremos se é a mesma coisa na série), e parece disposta a tentar qualquer coisa para fazê-lo se recuperar integralmente dos maus bocados pelos quais passou. Maggie é uma adepta do "tough love", e raramente é gentil com Matt a respeito de qualquer coisa, ainda que sua preocupação com o ex-advogado seja visivelmente genuína, suas tiradas secas deixam claro que aquela não é uma mulher particularmente paciente, e está mais do que disposta a deixar que ele coma o pão que o diabo amassou se esse for o caminho para sua recuperação.
As interações entre ambos são um dos pontos altos do episódio chegando a garantir algumas risadas da audiência quando os dois começam a dar cabeçadas. Ainda que ela esteja de fato preocupada com o bem-estar de Matt, e Matt esteja realmente grato à Maggie, esses dois são particularmente teimosos e têm uma história que volta bastante no tempo. Mais do que isso, Resurrection deixa claro que o Matt Murdock que rastejou pra fora dos escombros de Midland Circle não é o mesmo homem que se vestia de demônio para proteger seu bairro. Não foram apenas ossos que se quebraram dentro de Matt Murdock, mas sua fé e sua disposição em enfrentar qualquer coisa. O homem sem medo parece assustado demais para reagir.
Charlie Cox, provavelmente o melhor ator entre todos os Defensores, entrega completamente a alteração de Murdock. Nós acreditamos nele. E ficamos na expectativa de como ele irá se recuperar da dor e da tensão que ficam tão claros em sua voz.
Enquanto Matt tenta se restabelecer, Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio) o Rei do Crime, um dos melhores vilões do universo Marvel em todas as mídias, pau a pau com Loki e Thanos, tem seus próprios problemas com que lidar.
Preso desde o final da primeira temporada, o chefão do crime é forçado pelas circunstâncias a tomar uma decisão arriscada em nome da proteção de sua amada Vanessa. Uma decisão que o colocará novamente no centro de uma intrincada teia de crime que se estende por toda Nova York em uma busca, não apenas pela retomada do trono perdido, mas de vingança contra aqueles que ousaram desafiá-lo.
D'onofrio é outro monstro. Tudo o que tornou seu Wilson Fisk um dos personagens fundamentais do panteão da Marvel fora dos quadrinhos está de volta, o tom de voz grave, por vezes rosnado em sua articulação impecável, a postura intensa de um homem no limite do auto-controle, parecendo estar sempre com as articulações crispadas para não esmurrar alguém até a morte ao mesmo tempo em que manipula todos ao seu redor.
Além dos dois personagens centrais da bagaça, ainda tivemos um breve vislumbre de Karen Page (Deborah Ann Woll) e Foggy Nelson (Elden Henson) lidando com o luto cada um à sua maneira, além de um flashback mostrando o que aconteceu após Matt assumir sua identidade secreta para Karen, se nada além disso, ao menos a participação dos dois personagens serve para mostrar a profundidade da relação de Matt com ambos.
E, ainda temos a apresentação do agente Ray Nadeem (Jay Ali), um oficial do FBI atolado em dívidas que tem a maior pinta de que vai se tornar um peão na mão de Fisk... Apesar de seu segmento começar bastante superficial, é importante lembrar que esse foi apenas o primeiro episódio, e aparecer logo de cara entre Matt e Fisk, não é exatamente bom pra nenhum personagem. Veremos como as coisas se desenrolam para Ray daqui por diante.
O começo da terceira temporada de Demolidor foi sólido. Mantendo foco sobre os dois jogadores mais valiosos e sedimentando o caminho para contar sua história.

"Diante desse Deus... Eu prefiro morrer como o Demônio do que viver como Matt Murdock."

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