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segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Resenha Série: Demolidor, temporada 3, episódio 7: Aftermath


Atenção! Spoilers abaixo.
Uma das melhores coisas que aconteceram nessa temporada de Demolidor foi esse sétimo episódio.
Em outros tempos, a sequência de uma luta sensacional como a de Matt contra Poindexter e de um massacre violento como o ocorrido no Boletim de Nova York seria um episódio arrastado ao qual a audiência aceitaria, de cara meio amarrada com alguma frase do tipo "esse episódio é bem modorrento, mas depois de The Devil You Know a gente entende porque a série precisou de um tempo pra respirar"...
Não é o que acontece aqui, porém.
Outra série poderia perfeitamente ter o agente Nadeem fincando o pé na culpabilidade do Demolidor, uma ideia com a qual ele chega a flertar por conta do "bom te ver de novo, Karen" que Dex disparou ao encontrar a loira, mas eventualmente ele se toca de que, considerando quem morreu no ataque, e todas as outras evidências que lhe são apresentadas, ele pode, sim, estar sendo manipulado pelo Rei do Crime, e com isso, se torna um aliado para os mocinhos, primeiro confrontando o diretor da prisão a respeito da liberação de Jasper Evans, depois levando suas dúvidas a sua oficial superior, e finalmente confrontando o próprio Wilson Fisk. Nadeem deixa de ser um peão de Fisk e se torna, de fato, um agente da lei tentando descobrir o que há por trás do acordo com o criminoso e, por consequência, reparar as injustiças que, porventura, possa ter habilitado ao aceitar a oferta do inimigo.
Claro, tudo isso me leva a crer que, de fato, Ray Nadeem possa ser o bode expiatório da temporada. O bom sujeito e personagem fundamentado que pagará o preço final por ter desafiado o Rei do Crime, mais ou menos como aconteceu com Ben Urich na primeira temporada.
Falando em jornalistas, as coisas acabam mal para Karen. Ellison (que chegou a me preocupar que tivesse morrido no ataque) não fica nem um pouco satisfeito com a ideia de que Karen conheça a identidade secreta do Demolidor e não esteja disposta a entregar o responsável pelo massacre do jornal às autoridades. Sem emprego e temendo pela própria vida, Karen chega a considerar voltar para a casa de sua família em Vermont, mas aparentemente, a loirona também não é bem-vinda lá.
Aqui cabe outro elogio ao episódio, por mais que as cenas entre Karen e Ellison no hospital e a cena dela falando com o pai ao telefone sejam mais longas do que o ideal, todo esse segmento se move com propósito. Ele coloca Matt em uma posição acuada, onde sua identidade secreta é um empecilho para a vida de seus amigos.
Isso provavelmente justifica, ao menos em parte, a truculência de Matt quando ele vai atrás de Melvin Potter (Matt Gerald).
O simplório alfaiate de trajes blindados que criou o uniforme do Demolidor se viu novamente enredado nas tramas de Matt e Fisk. O reencontro entre os dois acaba sendo tanto testemunho da habilidade do Rei do Crime de antever os movimentos de seu adversário, quanto uma boa cena de pancadaria com Melvin Potter chegando a usar as serras circulares que são sua marca registrada nos gibis no quebra com o Demolidor. Claro, Melvin não é um vilão completo, ele é apenas um sujeito ingênuo que tem apenas a segurança de sua amada Betsy como prioridade, e está disposto a fazer o que quer que seja para protegê-la. Ainda assim, ele é obviamente um sujeito de grande força física, e um tremendo artífice de armas e armaduras, então, talvez, nós o vejamos com o traje do Gladiador em algum momento, especialmente após os eventos desse episódio.
Fisk, por sua vez, entra em modo Rei do Crime total, só faltou o lenço roxo no pescoço. Ele demanda, comanda e escarnece de seus adversários com a autoridade da realeza enquanto mexe as peças do tabuleiro com a tranquilidade de um monge.
As coisas, porém, podem mudar para o lado do bandidão. Se de um lado Foggy Nelson (que lida com o massacre no Boletim de maneira muito mais saudável do que Karen e Matt, transando com sua namorada e pedindo ela em casamento) julga ter encontrado, dentro dos trâmites da lei, a resposta para a pergunta fundamental sobre quais são as maquinações de Fisk, de outro o Demolidor surge na casa de Nadeem e os dois firmam uma frágil aliança na busca pela verdade a respeito da identidade do falso Demolidor.
No geral, Aftermath foi um respiro de ar fresco no tocante ao andamento das séries Marvel/Netflix. Ao seguir um grande evento como o massacre do jornal com uma série de fatos que movimenta e desenvolve a trama de maneira ágil e desinchada Demolidor deixa claro porque segue sendo a melhor série de super-heróis disponível hoje.

"Fisk é problema meu. O problema é que ele sempre está sempre cinco passos à minha frente. Não sei se consigo derrotá-lo. Não sei se consigo derrotar o homem que ele mandou pra me matar."

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