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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Resenha Série: Demolidor, temporada 3, episódio 9: Revelations


Atenção! Muitos spoilers abaixo!
Logo após Matt Murdock ter o tapete puxado debaixo de seus pés pela revelação de que a irmã Maggie é sua mãe, ele vai ao encontro do Padre Lantom para confrontá-lo sobre qual seria a razão para pessoas em quem ele confiou durante sua vida inteira, terem lhe sacaneado de maneira tão definitiva a respeito de sua família.
Esse é um raro caso onde a revolta e a mágoa do herói são perfeitamente compreensíveis. Matt ficou sozinho no mundo após a morte de Jack Murdock, e cresceu cheio de raiva e dor. Se ele soubesse que sua mãe estava viva, e a meros nove quarteirões de distância, talvez as coisas pudessem ter sido muito diferentes para ele.
Claro, nós descobrimos, em um flashback, como se deu a coisa toda. Como uma jovem Maggie (Isabella Pisacane) conheceu Jack Murdock (John Patrick Hayden) durante uma luta de boxe antes de fazer seus votos e os dois acabaram se apaixonando, ficando juntos e tendo um filho.
Claro, nós ficamos sabendo que Maggie sofreu uma severa depressão pós-parto, e que sua vida prévia como noviça a fez racionalizar a depressão como uma traição a Deus sendo cobrada pelo todo-poderoso, mas nada disso não altera os fatos de que tanto ela quanto o padre Lantom quanto Jack desgraçaram uma boa parte da vida de Matt com suas promessas de segredo.
Ao menos Maggie reconhece que foi uma tremenda covarde na situação toda, e entende a justificada revolta de Matt.
Nosso herói, no entanto, não é o único que tem revelações.
O agente Nadeem, após ter sido baleado por Poindexter e acreditado que Fisk está manipulando o FBI procura seus superiores para denunciar o esquema apenas para descobrir que a influência do mafioso vai muito, muito além do que ele poderia imaginar.
Conforme Nadeem entra na casa embrulhada em plástico da chefe Hattley (Kate Udall) nós podíamos imaginar que alguma coisa muito ruim estava pra acontecer. Basicamente o agente especial descobre que há um grande contingente do Bureau no bolso de Wilson Fisk, e que as maquinações do vilão vão muito além de sua genuína preocupação com Vanessa ou com a má qualidade do omelete servido na penitenciária. Wilson Fisk vem maquinando sua volta ao topo da cadeia alimentar há muito, muito tempo, e seu alcance é quase infinito.
Esse é Wilson Fisk em sua forma mais perigosa e poderosa. É Wilson Fisk sendo, finalmente, chamado de Rei do Crime porque quer ser chamado de Rei do Crime. Porque seu poder e influência são quase monárquicos. Ele vende um tipo de proteção que ninguém mais pode oferecer, pois é o mafioso que tem os agentes do FBI como capangas e mata outros líderes mafiosos apenas para provar seu ponto.
A influência e a capacidade de planejamento de Fisk são tão terríveis que ele vem paulatinamente destruindo a vida de Nadeem há mais de um ano. Ele foi o responsável pela perda do plano de saúde da cunhada do agente, o fato que desencadeou seus problemas financeiros e o fez se agarrar à chance de ser o responsável pelo acordo com Fisk feito um cachorro faminto.
Quando descobrimos o tipo de posição em que o agente federal foi colocado por Fisk, fica mais fácil simpatizar com ele e nos importarmos com seu destino. Especialmente quando descobrimos o que acontece com quem não colabora. A agente Hattley, por exemplo, tinha um filho e uma filha, até que Fisk matou o menino.
E não são apenas agentes do FBI e mafiosos que têm o rabo preso com o vilão. O açougue dos Nelson também fez operações de contabilidade criativa com o banco Red Lion. E agora, Foggy não pode agir abertamente contra o bandido sem correr o risco de ter seus pais e irmão presos por fraude.
Esqueça Lex Luthor. Wilson Fisk é a Maior Mente Criminosa de nosso tempo.
E, não nos esqueçamos que a última pessoa a realmente emputecer o Rei do Crime foi Karen Page, que sabiamente já havia começado a correr por sua vida planejando deixar Nova York o quanto antes, mas acabou sendo localizada por Fisk quando parou no orfanato da igreja para se despedir de Matt.
Que tal esse cliffhanger antes do episódio 10?
Novamente é necessário reconhecer a consistência de qualidade entre os episódios dessa temporada de Demolidor. É louvável como os roteiristas conseguem equilibrar a história de modo a simplesmente não haver nenhum filler na temporada, nenhum inchaço, nada que nós olhemos e possamos dizer "isso era desnecessário". Mesmo coisas que pareciam ser assim, como a conversa de Hattley a respeito da filha, ou os problemas financeiros de Nadeem ou as reminiscências de Karen a respeito da morte de Wesley, tudo estava amarrado para o andamento da história, e isso é realmente impressionante, especialmente após termos visto outras séries praticamente implorando por menos episódios por temporada, casos de Luke Cage, Jessica Jones e Punho de Ferro (que melhorou exponencialmente ao cortar três capítulos de seu segundo ano). Outra coisa digna de louvas é o carinho dos roteiristas com seus personagens. Não há nenhum personagem mal-escrito ou subaproveitado em Demolidor , que pode se dar ao luxo de passar episódios inteiros sem mostrar o principal antagonista ou o protagonista, sem fazer a audiência enjoar do que está vendo, algo que nem mesmo Justiceiro, a segunda melhor coisa que a Netflix fez em sua parceria com a Marvel, foi capaz de fazer.
Eu mantenho que, até o momento, a terceira temporada de Demolidor não é a minha favorita, mas não se pode negar a violenta qualidade da série em seu terceiro ano. Faltando quatro episódios para o final da temporada, fica a torcida para que esse passo seja mantido até o final.

"Só nos referimos a ele pelo codinome
-Que codinome?.
-Rei do Crime."

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