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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Resenha DVD: Arranha-Céu: Coragem Sem Limite


Não há em Hollywood, atrevo-me a dizer, ninguém fazendo mais dinheiro do que Dwayne "The Rock" Johnson. O carismático e talentoso ex-lutador de luta-livre da WWE já foi chamado até de "viagra para franquias" pela maneira como seu nome em um letreiro é sinônimo de sucesso financeiro. Dos bilhões de dólares arrecadados pela franquia Velozes e Furiosos desde sua entrada no time até as surpresas como a enorme bilheteria de Jumanji: Bem-Vindo à Selva, The Rock chama público ao cinema, especialmente nos EUA.
Outra coisa que eu me atrevo a dizer é que a quantidade de dinheiro feita pelos filmes de The Rock não necessariamente se traduzem em qualidade. Velozes e Furiosos são filmes bem ruins quando minimamente escrutinados, Rampage é um filme muito, muito ruim, S.O.S. Malibu é medonho, Um Espião e Meio é uma bobagem absolutamente descartável. Eu não assisti Moana, e achei Jumanji surpreendentemente simpático considerando a ideia, a questão, porém, é que nos últimos dois anos Johnson esteve em oito filmes e duas séries de TV que provavelmente só existem por causa do carisma do ator que, de tão querido pelo público, vai transformar o vilão Adão Negro da DC em anti-herói...
Seja como for, no sábado fui até a locadora e encontrei este recém lançado em home-video Arranha-Céu: Coragem Sem Limite, e, na falta de algo melhor pra assistir, resolvi dar uma chance ao filme.
O longa abre com um flashback. Dez anos atrás Will Sawyer (Johnson) era um ex-fuzileiro naval e operativo do FBI. Durante uma negociação de reféns que dá errado, Sawyer perde a perna em uma explosão e sua carreira como agente da lei acaba.
Corta para o presente.
Sawyer está casado com Sarah (Neve Campbell), a médica que o tratou quando ele sofreu suas lesões, e tem dois filhos, Georgia (McKenna Roberts) e Henry (Noah Cottrell). Ele toca uma pequena empresa de segurança na garagem de sua casa e está diante do que pode ser um divisor de águas em sua nova carreira, a supervisão de segurança do Pérola, um imenso edifício de mais de 240 andares no coração de Hong Kong.
Considerado o prédio mais seguro do mundo, a iniciativa imobiliária do multi bilionário Zhao Long Ji (Chin Han) precisa apenas de um OK para começar a ocupar cada um de seus andares, e graças a seu amigo Ben (O Mad Sweeney Pablo Schreiber), Sawyer está em posição de avalizar o prédio. Para tanto, ele viaja até Hong Kong com sua família e é alocado em um confortável apartamento no 98° andar da parte residencial do edifício enquanto faz vistorias de segurança.
As coisas se complicam quando o Pérola é alvo de um ataque engendrado por um grupo de terroristas para-militares e começa a se incendiar. Falsamente responsabilizado pelo ataque, Sawyer se vê entre a cruz e a caldeirinha, precisando ignorar suas limitações para fugir das autoridades entrar na torre infernal, resgatar sua família e limpar o seu nome enquanto luta contra mercenários armados até os dentes.
Sabe aqueles filmes que, de tão ruins, são bons?
Não é o caso de Arranha-Céu: Coragem Sem Limite.
O filme é apenas ruim, e ponto.
Evidentemente curto no que tange à história, o longa é mais um veículo para todo mundo ver Dwayne Johnson bancar o super-homem. A ideia de fazê-lo um herói amputado como forma de mostrar à audiência que ele não é indestrutível funcionaria se ele não não fosse um amputado indestrutível ao longo dos 102 minutos de filme.
Will Sawyer escala, salta e luta melhor do que qualquer homem com duas pernas seria capaz, e ainda transforma sua perna protética em ferramenta multi-uso enquanto desce a porrada nos vilões.
A exemplo de Terremoto: A Falha de San Andreas, que era uma versão anabolizada do Terremoto de 1974 estrelado por Charlton Heston com notas dos filmes de desastre de Rolland Emmerich, Arranha-Céu - Coragem Sem Limite é uma versão anabolizada de Inferno na Torre com Paul Newman e Steve McQueen, mas também tem notas de Duro de Matar.
Os resultados são similares, são filmes desalmados, anacrônicos e previsíveis com homens musculosos movendo céus e terras para salvar suas famílias (ainda que em Arranha-Céu a esposa de Will Sawyer, Sarah, seja uma médica militar casca-grossa capaz de chutar sua cota de bundas e que não necessariamente precisa ser salva o tempo todo).
Parcialmente rodado em Hong Kong com um grande contingente de atores locais para garantir a bilheteria do país, o longa escrito e dirigido por Rawson Marshall Thurber é um festival de clichês e CGI total e absolutamente bobo que não se sustenta por meio segundo quando confrontado com qualquer lógica, especialmente porque ele começa tentando manter um pé na realidade mas, da metade em diante, simplesmente manda qualquer compromisso com o mundo real às favas em nome do mau espetáculo (A fumaça é uma ameaça quando o incêndio começa, mas depois deixa de ser... Há um incêndio em um prédio enorme e não vemos nem um único e miserável bombeiro o filme todo...).
Com um elenco que ainda conta com Roland Moller, Noah Taylor, Byron Mann e Hannah Quilivan, Arranha-Céu seria um grande filme em 1985, hoje em dia é o comercial de fita adesiva mais caro já feito, e um programa passável apenas para os fãs mais ardorosos de Dwayne The Rock Johnson, e olhe lá.

"-Se não dá pra consertar com fita adesiva, é porque você não está usando fita adesiva o suficiente."

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