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quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Resenha Série: Demolidor, temporada 3, episódio 13: A New Napkin


Atenção! Severa zona de spoilers abaixo!
A terceira temporada de Demolidor chega ao fim.
Numa tela dividida, nós vemos Wilson Fisk se preparando para o dia que ele antevê há dois anos: O dia em que se casará com Vanessa Marianna, enquanto o Demolidor usa suas táticas de interrogatório mais convincentes para fazer Felix Manning cantar feito um canário de ponta-cabeça. É hora do acerto de contas definitivo, mas para colocar as mãos em Fisk, Matt precisa entrar em um hotel cheio até o gargalo com capangas armados durante uma festividade que transformou o hotel em uma fortaleza guardada pelo FBI do Rei do Crime.
Matt parece não ter opção, ao menos até ouvir o nome de Julie Barnes.
Enquanto Foggy e Karen lidam com o fracasso retumbante de seus planos para colocar Fisk atrás das grades da maneira correta, dentro da lei, Seema Nadeem precisa lidar com a morte do marido, taxado de corrupto e mentalmente instável pelo bureau.
Mas se, no final, Nadeem foi corrompido pelas chantagens de Fisk, ele jamais foi mentalmente instável, tanto que, em seu auto-sacrifício para salvaguardar Seema e Samy, ele deixou um vídeo com sua declaração ao morrer para ser entregue a Nelson e Murdock.
A declaração de Nadeem pode ser a chave para derrubar o Rei do Crime, mas para Foggy e Karen é a chance de impedir Matt de matar Fisk e perder sua alma, mas à essa altura, o Demolidor já tem seu próprio plano.
Após sua conversa com Felix, Matt descobre onde Fisk armazena os cadáveres que deseja ocultar, e resolve fazer o Rei do Crime provar um pouco do próprio remédio.
Sabendo do destino de Julie Barnes, Matt manipula Poindexter a encontrar o corpo da jovem, e então usa o agente do FBI como aríete para acessar o hotel de Fisk e entrar de penetra no casamento. Ele precisa apenas seguir o caminho de destruição, e impedir Dex de chegar a Fisk antes dele, o que nos leva à (mais) uma sensacional sequência de luta.
Dex versus Fisk versus Demolidor.
Um violento balé a três com Poindexter tentando matar Vanessa enquanto Matt tenta impedi-lo e os três trocam bordoadas cada um com seu estilo. Fisk liberando o monstro enfurecido de pura força bruta que habita em seu interior, Dex, preciso e transformando qualquer coisa em um ptojétil mortal, e Matt usando seu vasto arsenal de artes marciais num sangrento festival de porradaria que culmina com Matt tendo as mãos ao redor da garganta de Fisk, mas escolhendo, conscientemente, não deixar que o Rei do Crime destrua quem ele é.
A catarse de ter Matt rosnando na cara de Fisk "Eu te derrotei!", após arrebentar o vilão de tanta pancada é um desses momentos que elevam Demolidor muito acima de qualquer outra série de super-herói. Atrevo-me a dizer que eleva Demolidor acima da imensa maioria das adaptações de quadrinhos.
Claro, eu sei que há quem vá achar que Matt passar a temporada inteira pronto para matar o Rei, para desistir no último segundo é encheção de linguiça, mas essas pessoas não entenderam o personagem.
Ao longo dos anos nos quadrinhos, Matt é o sujeito que toda a vez que pensa ter chegado ao fundo do poço, recebe uma pá maior para continuar cavando.
Seu principal poder não é o radar, seus sentidos aguçados ou mesmo seu treinamento em artes marciais, mas a habilidade de se manter otimista e fiel aos seus ideais mesmo quando sua vida é virada do avesso e enxovalhada de ponta a ponta. No final das contas, Matt sempre vai fazer o que é certo, ou ao menos o que for mais certo.
Nesse caso, ele força Fisk a fazer um pacto com o diabo.
Além disso, a série garante, não apenas que ainda tenhamos a sombra de Vincent D'Onofrio pairando sobre o futuro de Matt, mas também que Nadeem e sua família não tenham comido o pão que o diabo amassou de graça ao longo da temporada. No final das contas é o vídeo gravado pelo agente do FBI que coloca Fisk de volta atrás das grades.
E, eu sei, após uma temporada que eu categorizei no episódio anterior como "doze horas de niilismo", os minutos finais desse décimo terceiro episódio podem soar demasiado felizes.
Matt fazendo as pazes com Maggie, a tocante elegia que o herói faz para o padre Lantom (essa sim, me deixou de olhos marejados), e a retomada do trio protagonista, apartado desde a segunda temporada fecham a temporada com uma doçura que, ainda que seja mais do que merecida por nossos heróis, pode soar algo fora de lugar após tanta desgraça. Entretanto, quando pensamos na possibilidade de que, com a ruptura entre Marvel e Netflix, essa série não volte para uma quarta temporada (o que seria uma tragédia!), eu acredito que seja melhor nós terminarmos a história com nossos amigos sentados e felizes fazendo planos para o futuro do que com algum cliffhanger macabro que pode jamais se concretizar.
Claro, ainda há um easter egg daqueles para os fãs de quadrinhos, com Poindexter passando por um procedimento cirúrgico nas mãos do doutor Oyama (que os iniciados devem conhecer pelo nome de Lorde Vento Negro, pai de Lady Lethal e criador do processo de ligação de ossos com adamantium nos gibis), e deixando claro que Dex está mais do que pronto para retornar no futuro com o modo Mercenário cem por cento ativado, mas isso é mais uma promessa de que há outras histórias pra contar do que uma ponta solta.
Veja, Demolidor não apenas merece voltar para uma quarta (e quinta, e sexta...) temporada. Precisa voltar.
O seriado do diabo da guarda de Hell's Kitchen é a série de super-heróis fundamental, com um excepcional vilão, um ótimo grupo de coadjuvantes, ótimas cenas de luta e um baita protagonista além de um personagem central cheio de boas histórias pra contar em um universo de super-heróis com os pés cravados no chão.
A terceira temporada de Demolidor consolidou a série na sua posição apartada de todas as outras adaptações de quadrinhos na TV (e de muitas no cinema) em termos de qualidade, por favor, Marvel e Netflix, não nos deixem sem Demolidor.

"Pra mim, pessoalmente, ele passou muitos anos tentando me fazer encarar meus medos. Entender como eles me escravizavam, me apartavam das pessoas que amo. Ele me aconselhou a transcender meus medos, a ser valente o suficiente para perdoar... E ver a possibilidade de ser um homem sem medo."

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