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terça-feira, 6 de novembro de 2018

Resenha Série: Demolidor, temporada 3, episódio 12: One Last Shot


Atenção! Spoilers abaixo!
Eu preciso dizer que eu fiquei com o estômago revirado nesse penúltimo episódio do ano de Demolidor.
Do primeiro segundo, quando Vanessa (Ayelet Zuhrer, lindona) retorna a Nova York e para Wilson Fisk, andando em câmera lenta saindo do helicóptero, fenda estilosa no vestido, e tudo, até o final quando Matt, Foggy e Karen avaliam o rescaldo de seu plano, One Last Shot foi uma montanha russa cheia de socos no estômago, alguns bons, e outros simplesmente dolorosos.
Quando vemos nossos heróis pela primeira vez, eles estão voltando a ser Nelson e Murdock, abacates jurídicos, e seu plano é assegurar que a família Nadeem esteja fora do alcance de Wilson Fisk para que Ray deponha contra o Rei do Crime.
Mas nesse momento, essa é, por estranho que pareça, a menor das preocupações de Wilson. A maior, sem dúvida, é a forma como Vanessa retorna à sua vida. Não é, nem de longe, a maneira que ele havia idealizado.
As primeiras interações do casal no retorno são frias e distantes. Nada parece impressionar Vanessa. Nada parece animá-la, nem mesmo o omelete à la Fisk é capaz de removê-la de seu estado de tédio e isso claramente faz com que o mafioso fique arrasado. Nós podemos ver em cada expressão de Fisk como ele está se contorcendo de desconforto internamente.
Mas isso vai apenas até o momento em que Dex entrega o quadro.
A cena que nos sugere veementemente que a senhora Falb será encontrada pela empregada com um candelabro cravado na testa nos leva à uma reação deliciosamente dúbia de Vanessa. Ela está com medo de Poindexter e despreza o assassinato cometido em nome da posse da pintura, ou ela está excitada ante a possibilidade de Fisk ter gente matando para garantir qualquer um de seus caprichos?
Naquele momento é impossível dizer. Porque nós sabemos que Vanessa se enamorou de Fisk por conta de seu poder e eficiência, e o mero fato de ela reconhecer essas qualidades nele, é o que torna o amor do Rei por Vanessa tão imenso. Ele sabe que ela é um achado. Uma mulher bonita, instruída e inteligente que é capaz de aceitá-lo do jeito que ele é (Sim, meninos e meninas. A história de amor de Wilson e Vanessa é como O Diário de Bridget Jones).
Mas será que nesses dois anos que os dois passaram apartados algo mudou?
Vanessa esteve cercada de seguranças fugindo da lei por diversos países da Europa, e à primeira vista qualquer um poderia julgar que depois de tantos apuros ela possa estar cansada de tudo isso, tenha chegado à conclusão de que Fisk não vale isso tudo e queira sair dessa.
Mas não...
Vanessa não quer sair. Ela quer entrar de cabeça. Ela não quer ser uma das belas coisas que Fisk exibe. Ela quer estar ao lado dele enquanto ele toma cada decisão, partilhando tudo o que há no prato dele.
E, nesse momento, o prato de Fisk está cheio de Nelson, Murdock, Page e Nadeem.
O plano dos mocinhos envolve o promotor Tower, o conhecimento do agente especial Nadeem, Ellison e o Boletim de Nova York e um Grande Júri de emergência convocado às pressas para garantir o indiciamento de Fisk por cada crime que Nadeem possa relatar.
Há, sim, um pouco de excesso nesse episódio que quebra o ritmo da coisa toda durante a primeira meia hora.
Temos muitas cenas de Foggy convencendo Matt de que eles estão fazendo a coisa certa, muitas cenas com Blake Tower (Stephen Rider) negociando os termos do acordo com Nelson e Murdock, muitas cenas de Nadeem com a esposa... Como a coisa toda caminha quase como um final de temporada existe um bocado de preparação para o desfecho.
Os vinte minutos finais, porém, são espetaculares.
A partir do momento em que o carro onde Nadeem e Matt é atacado pelos capangas de Fisk, resultando em uma espetacular sequência de ação com os dois enfrentando um pequeno exército usando os super-sentidos de Matt para transitar no meio de uma chuva de balas nós realmente pensamos que os heróis vão vencer.
Sim, sob diversos aspectos, seria uma repeteco dos eventos da primeira temporada. Mas tudo parecia tão redondinho que, quando Matt ouve que Felix Manning está manipulando o júri para garantir que eles não aceitem a denúncia, é de partir o coração. Especialmente tendo visto quão otimista Matt e Foggy estavam, e o alívio de Nadeem após o depoimento.
E, pra colocar o último prego no caixão, nós temos outra cena com Vanessa e Fisk. Onde ela deixa claro que não quer ser a esposa troféu do Rei, mas uma rainha governando lado a lado com seu amado.
E seu primeiro ato de comando, é demandar a cabeça de Ray.
Com tão pouco tempo sobrando na temporada, é difícil não lamentar por nossos heróis terem falhado novamente em sua guerra contra Fisk. Mais ainda com o fim de Nadeem, um personagem que, como eu temia, virou o bode expiatório da temporada num movimento que, lá atrás, eu categorizei como covarde (dar bastante tempo de tela a um personagem novo para que a audiência se importe com ele e então matá-lo mantendo os protagonistas habituais vivos), mas que acabou sendo bem sucedido. Eu realmente lamentei a morte de Nadeem, eu me investi no drama do personagem e torci por ele até o último minuto.
Trazer Vanessa de volta aos quarnta do segundo tempo foi mais uma boa sacada da série, assim como reunir Nelson e Murdock, especialmente quando houve uma alteração interessante no paradigma dessa relação:
Dessa vez, Matt tem razão. E o Demolidor pode fazer coisas que o sistema está embotado demais para conseguir.
Enquanto outras séries de super-heróis terminam cada capítulo com um vilão preso, o décimo segundo episódio da terceira temporada de Demolidor encerra quase doze horas de niilismo deixando a audiência na ponta da cadeira e dando show de qualidade.

"-Eu fiz besteira e, não importa o que aconteça hoje, não sei se minha esposa vai voltar. Mas seus amigos continuam voltando. Como consegue?
-Não sou eu. São eles.

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