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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Resenha Cinema: Sucker Punch - Mundo Surreal


Um radialista catarinense que trabalha em uma emissora aqui de Porto Alegre costuma imitar o jornalista e apresentador Marcelo Rezende. A imitação é muito engraçada, e o bordão que ele usa é "Quem aqui, né, amigo?", sempre que quer justificar alguma barbaridade.
Ontem, meus amigos me perguntaram se eu queria assistir Sucker Punch, novo filme do diretor Zach Snyder, dos incensados Madrugada dos Mortos, e 300, do bom Watchmen (Que é bom, mas não encosta no quadrinho.), e do vindouro Superman - The Man of Steel.
Os pôsteres já mostravam a algum tempo que o filme seria estrelado por beldades que passariam o longa todo vestidas de colegiais, soldadinhas, dançarinas e outros fetiches masculinos, e que enfrentariam robôs samurais, nazistas zumbis e dragões. Ante essa premissa, fui obrigado a responder o convite com um "Quem aqui, né amigo?".
E lá fomos nós ver o filme, que, pelo menos em termos de ação e movimento, prometia.
Bem, por mais doloroso que seja dizer isso de um filme estrelado por beldades vestidas de fetichistas e que enfrentariam robôs gigantes, zumbis e dragões... Que filme chato.
O Snyder pode vir a se tornar o John Woo de sua geração, mas ainda não vai ser com Sucker Punch. Aliás, por melhor intencionado que o senhor Snyder seja, é importante lembrar que, no seu cartel, ele tem dois filmes baseados em quadrinhos escritos por papas do gênero e que ele só estragava se fosse o pai dos burros, e um filme de zumbis que, vamos combinar, é fácil de acertar quando se segue a cartilha de George Romero. Aí, na primeira vez em que vai dirigir um projeto original, ele larga Sucker Punch nas salas de cinema.
Bom, ao filme:
Na trama acompanhamos Baby-Doll (Emily Browning), uma jovem que, após a morte da mãe é internada em uma instituição para doentes mentais pelo seu padrasto abusivo. Lá, o velhaco, em nome da herança da jovem, suborna um enfermeiro inescrupuloso (Oscar Isaac) para executar uma lobotomia na jovem. É então que, de modo a lidar com os problemas na institucionalização, ela cria um mundo dentro de sua mente, onde orientada por um sábio misterioso, descobre que precisa de cinco ferramentas para alcançar sua liberdade com a ajuda de suas companheiras Rocket (Jena Malone), Sweet Pea (Abbie Cornish), Blondie (Vanessa Hudgens), e Amber (Jamie Chung).
Cada um dos itens de quê o grupo precisa para fugir (um mapa, fogo, uma faca, uma chave e um item por ser descoberto) é obtido em uma realidade paralela, como se fosse uma missão ao estilo videogame. Um breve briefing do sábio misterioso (Scott Glenn) no começo, e uma sequência de ação de tirar o fôlego no desfecho!
... Nem tanto.
As sequências de açao são bacanas, sim. Não há como negar. As coreografias, e o esmero da computação gráfica deixam o visual sensacional, mas após a segunda sequência de golpes de espada em slow motion, e da quinta vez em que uma beldade sarada irrompe de uma porta atirando, a gente começa, se não a se cansar, a pensar qual o ponto daquilo tudo. E, em nenhum momento, a coisa chega a lugar algum.
O filme é um mero acessório para as sequências de ação que, a bem da verdade, parecem recicladas de filmes como Kill Bill, O Senhor dos Anéis, Eu Robô e outros. E, como não há no elenco nenhuma performance brilhante (As que mais se aproximam de estar acima da média são a do veterano Scott Glenn e a de Abbie Cornish, linda, lembrando a Nicole Kidman antes de acabar com o próprio rosto fazendo plásticas), o filme se torna menos que descartável assim que a sessão acaba.
De bom fica a estampa das protagonistas, a bela trilha sonora, e a esperança de que, com o roteiro de Chris Nolan e David Goyer, Snyder consiga fazer um Superman capaz de ficar na memória de alguém por mais tempo que a caminhada do cinema até a saída do shopping.

"Jamais assine com a boca um cheque que você não possa sacar com o rabo... Ah, e mais uma coisa: Não acorde a mãe."

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