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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Resenha Cinema: Planeta dos Macacos: A Origem


Sempre gostei de O Planeta dos Macacos. A sombria trama apocalíptica de um futuro distópico vislumbrado com terror pelo astronauta George Taylor me pegava sempre que passava nas Sessões da Tarde ou nos Corujões da infância. Quando moleque, eu adorava mesmo eram as impressionantes máscaras símias que transformaram Kim Hunter, Roddy McDowell e outros em chimpanzés, orangotangos e gorilas. Apenas anos mais tarde, já mais velho, pessimista, e misantrópico, percebi a crítica velada à guerra fria, à corrida nuclear, e ao próprio sentimento auto-destrutivo do homem enquanto espécie encerrados na magnífica cena final em que Taylor cai de joelhos amaldiçoando a humanidade diante dos destroços de uma milenar estátua da liberdade.
O longa de 1968 ainda tinha espaço pra críticas quanto ao tratamento dispensado aos animais, e à busca incessante da humanidade por conhecimento. O Planeta dos Macacos ainda daria origem à sequências em 70, com De Volta Ao Planeta dos Macacos, 71 (A Fuga do Planeta dos Macacos), 72 (A Conquista do Planeta dos Macacos) e em 73(A Batalha do Planeta dos Macacos) , além de uma série de TV live action em 1974, uma série em animação em 1975, em 1981, dois episódios da série de TV foram editados e transformados em um filme televisivo, Retorno ao Planeta dos Macacos, que culminou com o esquecimento dos macacos malucos.
Até 2001, quando Tim Burton resolveu contar uma "versão mais sombria da fábula pós-apocalíptica", cometendo Planeta dos Macacos, estrelado por um inexpressivo Mark Whalberg (substituto de Johnny Depp, que devia estar fazendo outra coisa na época?), Helena Bonham Carter (Inagurando uma parceria que nunca mais terminou...) e Tim Roth, o único que se salvou do fiasco interpretando um violento general Thade.
Como o remake-mais-sombrio-de-tim-burton não vingou no cinema, os macacos voltaram ao limbo, e lá permaneceram por dez anos.
Foi nesse final de semana que eles saíram de lá, quando Planeta dos Macacos: A Origem chegou aos cinemas do Brasil.
Jamais ouvira falar do diretor, Rupert Wyatt, mas o elenco principal, encabeçado por James Franco, John Lithgow e Freida Pinto valia uma conferida. Havia ainda a curiosidade de assistir o remake de um prequel, pra usar bastante expressões cinematográficas irritantes em inglês, e, claro, ver Andy Serkis voltar a interpretar em captura de movimento.
Se você não se liga muito nessas coisas, vale a dica: Andy Serkis é o ator britânico que intepretou Gollum, na trilogia O Senhor dos Anéis, e o King Kong no filme homônimo de 2005, e se transformou no papa desse tipo de atuação.
Ao filme, então. No longa metragem conhecemos Will Rodman (James Franco, sem arroubos.), geneticista que trabalha sem descanso na busca de uma cura para o mal de Alzheimer, moléstia que assola seu pai, Charles (John Lithgow, excelente.).
Uma cura em potencial, o vírus ALZ, é testado em chimpanzés com excelentes resultados, um acidente, no entanto, acaba custando a vida do animal mais promissor, e interrompendo a pesquisa.
Esse animal, a chimpanzé Olhos Brilhantes, deixa um filhote. O pequeno chimpanzé que é acolhido por Will e seu pai, que o batiza Cesar. O macaco herda da mãe a inteligência ampliada resultante do experimento com o ALZ, e a desenvolve enquanto cresce no lar dos Rodman. Um incidente envolvendo Charles acaba mudando diametralmente a vida de Cesar, que subitamente se vê afastado de tudo o que conhecia, e obrigado a escolher entre os humanos e os símios.
E o filme é bom. Muito bom. Ao lado de X-Men - Primeira Classe, é o melhor filme-pipoca de 2011, Rupert Wyatt não deixa a peteca cair, equilibrando drama, ação e suspense com competência. Não parece alarmado, também, com a quantidade de efeitos visuais do filme (E algumas cenas todos os personagens na tela são criado digitalmente...), nem em trabalhar com o elenco de peso que conta ainda com Brian Cox e Tom Felton, e, melhor de tudo, sabe onde apoiar a sua história:
Nos ombros peludos de Andy Serkis e seu impressionante Cesar.
O chimpanzé superinteligente criado com maestria pela WETA Digital de Peter Jackson impressiona pelo visual, sim, que pode deixar algumas pessoas até desconfortáveis, entretanto, é na interpretação de Serkis que o protagonista digital do longa encontra o equilíbrio entre inteligência e astúcia, força e selvageria. A partir do instante em que Cesar escolhe onde depositar sua lealdade, o personagem cresce geometricamente na tela, transformando-se no imperador e general evocado por seu nome.
Planeta dos Macacos: A Origem, mostra-se um produto extremamente competente, capaz de divertir e entreter, sim, mas evocando significados e críticas pra fazer pensar um pouco, como seu avô fez em 1968. Há ainda várias homenagens e referências ao filme original espertamente espalhados pela projeção, além de ganchos que vão de encontro ao que conhecemos da série original.
Peque um milk shake de banana e vá ao cinema, você não irá se arrepender.

"Cesar está em casa."

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