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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Resenha Cinema: Super 8


Eu sou cria dos anos oitenta. Já disse isso antes, e continuo dizendo. Eu fui criança nos anos oitenta e em parte dos noventa, e muito dos valores que hoje tenho como adulto, bem como muitas das minhas mais cálidas memórias vêm desse tempo colorido e misterioso cheio de ombreiras, mullets, solos de sax e... Bom... E a Amblin.
A produtora criada por Steven Spielberg, Kathleen Kennedy e Frank Marshall no distante ano de 1981 e que foi responsável "apenas" por coisas como De Volta Para O Futuro, Os Goonies, E.T. O Extraterrestre, Gremlins, O Milagre Veio do Espaço e O Enigma da Pirâmide. Não é necessário dizer que a produtora que transformou Spielberg em bilionário deu um empurrão a diversos cineastas que hoje são milionários e diretores respeitados na indústria, como Chris Columbus, Joe Dante, Joe Johnston e Robert Zemeckis. Também não é necessário dizer que muitos dos filmes que foram lançados e que tinham, antes dos créditos de abertura, o logo com o guri voando de bicicleta contra a lua cheia marcaram a infância de muito moleque que cresceu na frente da TV vendo filmes da companhia.
Moleques como eu fui, e, aparentemente, como foi J. J. Abrams, o homem por trás de Lost (eca) e do novo Jornada nas Estrelas, que criou Super 8 pra ser uma homenagem aos filmes oitentistas da Amblin.
Foi no sábado, já sentindo os primeiros sintomas de um resfriado (Eu moro em Porto Alegre, uma terra linda com as quatro estações do ano bem definidas e acontecendo na mesma semana.), que eu me sentei em uma sala de cinema cheia de gente cretina que não calava a boca e conferi o trabalho conjunto de Abrams (diretor e roteirista) e Spielberg (produtor). O resultado... Bom...
O ano é 1979, na pequena cidade de Lillian, Ohio, se passaram quatro meses desde que a mãe de Joe Lamb (Joel Courtney) morreu, ele e seu pai (Kyle Chandler) têm se afastado sistematicamente desde então. O pai de Joe, o delegado Jackson Lamb, se vê tão distante do filho que com a chegada das férias de verão planeja mandar o menino a um acampamento de esportes. Joe, porém, tem outros interesses. Ele e seus amigos Charles (Riley Griffiths), Cary (Ryan Lee), Martin (Gabriel Basso) e Preston (Zach Mills) estão rodando um curta metragem de zumbis, e pretendem terminar durante o verão.
Charles, apaixonado pela ideia de acrescer qualidade à produção, convida Alice Dainard (Elle Fanning, irmã da Dakota), filha de Louis Dainard, desafeto do pai de Joe, para atuar no projeto, e, para alegria dos fedelhos, ela aceita.
Durante uma cena gravada junto à uma antiga estação de trem, as crianças presenciam e registram um violento descarrilamento de onde alguma coisa medonha escapa.
Ao desastre segue-se a chegada do exército à pequena cidade, os desaparecimentos misteriosos de membros da comunidade e a tensão crescente entre Joe e seu pai conforme o caso se torna uma sucessão de eventos inexplicáveis.
É com prazer que se vê a estética setenta/oitentista sendo explorada na tela com maestria e devoção por Abrams. O diretor consegue com Super 8 o que Bryan Singer queria em Superman - O Retorno, render homenagem não apenas a um filme, mas a uma ideia de cinema que abarca mais de uma década e ainda encontra tempo para homenagear também aos zumbis de George Romero, sem deixar de contar uma história que equilibra tensão, suspense, comédia e drama sem errar a mão em nenhum momento.
É difícil não pensar em Os Heróis Não Têm Idade, Conta Comigo, Viagem ao Mundo dos Sonhos e Corrida Contra o Tempo quando vemos o (excelente!) elenco infantil sendo tão dono das suas cenas sem deixar a peteca cair em nenhum momento, contando uma história sobre a necessidade das crianças, no limiar da adolescência, de encontrar sua expressão mesmo à revelia da autoridade, paterna ou não..
Há, sim, os efeitos visuais obrigatórios para se contar uma história como a proposta por Super 8, há o barulho, as explosões, e o CGI, claro. Se a primeira parte do longa é um delicioso suspense infanto-juvenil, a segunda é praticamente um longa de ação, ainda assim, ele jamais esquece do que queria. Contar a história de amadurecimento de Joe e de seus amigos, e também de Jackson e Louis para entender seus rebentos, e faz isso através de um elenco talentoso que funciona à perfeição.
O final, fazendo alusões a E.T., Contatos Imediatos de Terceiro Grau e até a Os Goonies só não arranca mais lágrimas pois á ele segue-se o curta de zumbis O Caso.
Fique, assista e dê boas risadas. Depois vá pra casa, e tente não se lembrar com alguma nostalgia da época em que você queria ser amigo de Jack Flack, procurar o navio de Willie Caolho, e não alimentar o Guizmo depois da meia-noite.

"Ela costumava olhar pra mim... Desse jeito, olhando, de verdade... E eu simplesmente sabia que eu estava lá... Que eu existia."

3 comentários:

  1. ''Lost (eca)''

    Desde quando heresias foram liberadas na blogosfera ?

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  2. O "Eca" devia estar posicionado após algumas palavras (jornada nas estrelas) XD

    Mas o filme é ótimo. concordo com suas impressões e saí do cinema com o mesmo choque cultural do Steve Rogers ao fim de capitão américa: dentro do cinema estava nos anos 80 e ao sair tive de me readaptar aos tempos modernos

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