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terça-feira, 3 de abril de 2012

Qualquer Coisa...


A Giovana andava triste naqueles dias se começo de outono. Ela não chegou a traçar o paralelo de como o desfolhar das árvores e o verde e o amarelo e o lilás vivos do verão dando lugar ao laranja, vermelho e marrom do outono de certa forma retratavam o que se passava no seu coração. Giovana também não fez ligação do fato de que o calor intenso dos dias de fevereiro ir dando lugar a dias de temperatura amena e até mesmo fria de fato na metade de março podiam ser traduzidos com o que acontecera com o calor que outrora lhe aquecera a alma.
Giovana não pensou nisso.
Ela não pensou em nada disso.
Giovana pensou, certamente, em tocar a vida. Em trabalhar, sair com seus amigos, tentar se divertir, ver bons filmes, ler bons livros, assistir um pouco de TV... Ela pensou nisso.
Todavia nem sempre era fácil levar a cabo tais ideias, e em mais de uma ocasião, Giovana entregou-se à melancolia típica daqueles que têm o coração metaforicamente partido.
Giovana pegava-se, volta e meia, pensando e Cássio.
Pensando em como Cássio e ela tinham tudo para dar certo. Em como eles partilhavam gostos, desgostos, coincidências da vida, quartos, camas, táxis e lábios e em como tinham chegado a imaginar partilhar tanto mais... Uma vida... Um filho, dois filhos, três filhos, uma família, uma Liga da Justiça, um futuro... Giovana pensava nisso e logo afastava tais pensamentos como fazemos com um inseto renitente, chegava quase a acenar com a mão na esperança de fazer com que tais pensamentos se desvanecessem como fumaça de um incenso de cheiro enjoativo.
Giovana, afinal de contas, sabia quem era. Sabia do que era capaz. Tinha a sensação de ter dobrado de tamanho nos últimos meses apenas pela força que descobrira em si. Não se olvidaria dessa fortaleza. Não se entregaria à autocomiseração e nem tampouco deixaria de viver. Se aprendera algo enquanto sua história com Cássio era vivida, fora que gostava de viver. E ela era jovem, e bela, e inteligente, e sairia daquilo mais sábia do que entrara, tinha certeza.
Claro... Talvez adiasse alguns planos... Reformulasse outros... Talvez ela não quisesse mais uma liga da Justiça de filhos no futuro... Talvez quisesse... Enfim, tinha tempo, tinha disposição, e as ferramentas necessárias para fazer a vida funcionar... Precisava apenas repensar algumas coisas.
Enquanto isso, em alguma outra parte, Cássio, imerso em seus próprios pensamentos, dúvidas e angústias também pensava em Giovana. Esse pensamento apunhalava seu coração e seu pensamento pois eram indeléveis as marcas que Giovana, com sua pertinaz determinação, deixara em seu peito. Cássio a desejava todos os dias de manhã à noite. E não apenas o seu corpo bem feito, sua pele macia, seus cheiros e sabores... Não... Tudo isso o encantava, claro, mas ele queria o conjunto todo. Todas as coisas, algumas inclusive idiossincráticas, que a tornavam quem ela era. Ele precisava, porém, de tempo... Tempo para resolver sua vida, e então poder dizer à ela como a desejava... E que, ao lado dela, estava e sempre estivera disposto a formar e partilhar uma vida... Um lar, uma família. Um filho... dois... três... Um Quarteto Fantástico, uma Liga da Justiça, Vingadores, Sociedade do Anel, Tropa dos Lanternas Verdes, Ordem Jedi... Ao lado dela, qualquer coisa...

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