-Prazer, Hera.
Ele ergueu as sobrancelhas e fez cara de espanto enquanto pegava a mão dela entre as suas. Não pôde deixar de perguntar:
-Hera? Sério?
-Sim. - Ela assentiu sorrindo um pouco embaraçada. -E tu?- Quis saber.
-Zeus.- Ele respondeu, estufando o peito e engrossando a voz enquanto sorria meio de lado.
-Ah, é...- Ela disse em um suspiro. Olhou pra baixo por um instante e então disparou:
-Palhaço.
Ele fez cara de confuso e tomou fôlego pra falar, mas ela o deteve com um gesto enquanto dizia:
-Volta pra tua pokébola, mané. Que eu tenho mais o que fazer que desperdiçar meu tempo contigo. Otário.
-Volta pra tua pokébola, mané. Que eu tenho mais o que fazer que desperdiçar meu tempo contigo. Otário.
E saiu andando. Ainda deteve-se alguns metros depois e se virou mostrando-lhe o punho cerrado com o dedo médio em riste. Ele, entre o chocado e o constrangido, se escorou em uma parede próxima e ficou ali, pensando onde errara. Um amigo que também estava na vernissage chegou e perguntou:
-E aí, velho? Como tá a caça?
-Tá ruim, tchê. Tomei fora até me apresentando.
-Também, com esse nome... "Zeus"... O que a tua mãe tinha na cabeça...?
Ele deu de ombros. Achara mesmo que seria demais a mulher de sua vida ter tanto em comum com ele...
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-Eu queria mesmo era te beijar.- Ele confidenciou.
Ela sorriu enquanto se aproximava dele com os lábios entreabertos, mas ele a deteve:
-Não... Na boca, só, não me serve. Eu quero tudo. Cada decímetro cúbico da tua pele.
Ela abriu a boca e arregalou os olhos imitando uma cara de escandalizada. Ele sorriu.
-Isso, também, claro... Mas quando eu falo de tudo é tudo, mesmo... Pescoço, nuca, nariz, orelhas, mãos, cotovelos, queixo, sobrancelhas, pés, tornozelos, coxas, panturrilhas, umbigo, ombros, braços e antebraços, peito, região ilíaca, costas... Tudo isso, e o que juntar cada parte à próxima.
Ela sorriu olhando pra baixo. Ele sorriu olhando pra ela, a abraçou e foi embora.
-E aí, velho? Como tá a caça?
-Tá ruim, tchê. Tomei fora até me apresentando.
-Também, com esse nome... "Zeus"... O que a tua mãe tinha na cabeça...?
Ele deu de ombros. Achara mesmo que seria demais a mulher de sua vida ter tanto em comum com ele...
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-Eu queria mesmo era te beijar.- Ele confidenciou.
Ela sorriu enquanto se aproximava dele com os lábios entreabertos, mas ele a deteve:
-Não... Na boca, só, não me serve. Eu quero tudo. Cada decímetro cúbico da tua pele.
Ela abriu a boca e arregalou os olhos imitando uma cara de escandalizada. Ele sorriu.
-Isso, também, claro... Mas quando eu falo de tudo é tudo, mesmo... Pescoço, nuca, nariz, orelhas, mãos, cotovelos, queixo, sobrancelhas, pés, tornozelos, coxas, panturrilhas, umbigo, ombros, braços e antebraços, peito, região ilíaca, costas... Tudo isso, e o que juntar cada parte à próxima.
Ela sorriu olhando pra baixo. Ele sorriu olhando pra ela, a abraçou e foi embora.
Ambos sabiam que o que ele sentia por ela era pleno demais pra demonstrar a conta-gotas.
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Passaram em frente a uma janela de uma casa qualquer. Ele olhou para a janela e viu, do lado de dentro, um gato. O contato olho no olho fez com que o felino abrisse bem a boca franzindo o nariz.
-Olha- Disse ele. -Um gato enfurecido.
-Não.- Disse ela. -Ele estava miando. E dizendo isso voltou até a janela e parou, novamente cara a cara com o bichano, que repetiu o movimento de abrir a boca e franzir o nariz.
-Viu? Só miando.
Era a tônica daquela relação. Ele vendo sempre o pior de tudo, e ela lhe mostrando com candura e paciência que as coisas não eram sempre ruins como lhe pareciam.
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Passaram em frente a uma janela de uma casa qualquer. Ele olhou para a janela e viu, do lado de dentro, um gato. O contato olho no olho fez com que o felino abrisse bem a boca franzindo o nariz.
-Olha- Disse ele. -Um gato enfurecido.
-Não.- Disse ela. -Ele estava miando. E dizendo isso voltou até a janela e parou, novamente cara a cara com o bichano, que repetiu o movimento de abrir a boca e franzir o nariz.
-Viu? Só miando.
Era a tônica daquela relação. Ele vendo sempre o pior de tudo, e ela lhe mostrando com candura e paciência que as coisas não eram sempre ruins como lhe pareciam.
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