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segunda-feira, 18 de junho de 2012

Resenha Cinema: Deus da Carnificina



Sábado à noite, em meio à chuva fina que resfriava Porto Alegre resolvi encarar uma sessão de cinema. A escolha óbvia era Prometheus, de Ridley Scott, mas a verdade é que eu não estava com paciência pro óbvio, e então, ao invés de me deslocar até um mega cineplex gigante de shopping, preferi um cinema pequeno e um modesto centro comercial onde me abanquei confortável pra assistir a esse Deus da Carnificina, adaptação do oscarizado Roman Polanski da peça de teatro de mesmo título de Yasmina Reza, que assina o roteiro junto com o diretor.
Mesmo levando-se em conta que Polanski é um cineasta que merece uma conferida quase sempre, vou confessar que, mais do que o nome dele na cadeira de diretor, e infinitamente mais do que qualquer referência à peça de que jamais havia ouvido falar, foi o elenco que me levou ao cinema. Os quatro nomes no pôster do filme são de atores acima da média. Jodie Foster, Christoph Waltz, Kate Winslet e John C. Reilly, todos cobras.
No filme, os casais Penelope e Michael Longstreet(Foster e Reilly) e Nancy e Alan Cowan(Winslet e Waltz) se encontram no apartamento dos primeiros para resolver uma pequena querela: O filho de Alan e Nancy agrediu o rebento de Penelope e Michael numa briga que resultou na perda de dois incisivos do moleque.
Inicialmente cordatos e gentis, os quatro adultos estão apenas resolvendo detalhes sobre o tratamento dentário e como fazer com que as crianças façam as pazes, entretanto, ao passarem mais tempo juntos, essa relação vai se tornando menos cordial conforme as diferentes personalidades e backgrounds dos quatro, feitos para não se bicarem até pela "luta de classes" que se desenha entre os Longstreet, um casal classe média liberal e os Cowan, dois engravatados, vêm à tona e as discussões afloram.
Entre a engajada editora de livros Penelope, o simpático vendedor de ferragens Michael, o cínico advogado corporativo Alan e a elegante corretora Nancy, todos têm um momento de chegar ao limite, perder as estribeiras e mostrar quem são de verdade na hora de lavar a roupa suja. E, no frigir dos ovos o filme pinta um divertido e acurado retrato de uma fatia considerável da sociedade atual.
O elencaço faz bonito, e mesmo no fim do filme, quando as interpretações se tornam mais teatrais e exageradas, todos mandam muito bem. Destaque, claro, para Waltz, monstruoso como Alan Cowan, o sarcástico advogado envolvido em um processo contra uma indústria farmacêutica e cujo celular não para de tocar, mas ninguém fica muito atrás do austríaco, não.
Deus da Carnificina é um divertido e palatável produto sobre boas maneiras, ou a falta delas, e se tem algum defeito grave, provavelmente é a curta duração.

"Moralmente nós devemos superar nossos impulsos, mas há vezes em que não queremos superá-los."

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