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sábado, 23 de junho de 2012

Resenha DVD: Guerreiro



Há filmes que mesmo tendo certo hype nos seus países de origem passam batidos pelos cinemas do Brasil. Me lembro de que Guerra ao Terror, por exemplo, só deu as caras nos cinemas brasileiros, em circuito reduzido e por um período relâmpago, após levar alguns Oscar em cima de Avatar, franco favorito, isso pra ficar só em um caso e dos mais óbvios.
Outros, porém, não chegam a abocanhar prêmios de grande visibilidade, e por consequência, acabam relegados as prateleiras das locadoras, cada vez mais esquecidas em tempos de download ilegal por todos os cantos, netflixes e serviço de aluguel de vídeo direto pela TV a cabo. Talvez seja o caso desse Guerreiro, filme do diretor Gavin O'connor, que tem de mais significativo no currículo os longas Força Policial e Desafio no Gelo, e que, apesar de ter sido bastante elogiado por quem viu, não foi notado pela crítica e a despeito de algumas indicações a prêmios (Especialmente para Nick Nolte, como melhor ator coadjuvante) como o Oscar de ator coadjuvante e o MTV Movie Awards na categoria Melhor Luta, passou meio que batido pra quase todo mundo.
Mas ontem, depois do futebol, achei que ver um filme e comer uma fatia de pizza com o meu cachorro era uma ideia simpática, pesquei Guerreiro daquela prateleira empoeirada da locadora, e o levei pra casa. Em que se pese que, de fato, não é nenhum Casablanca, Guerreiro é um filme com ótimas qualidades, e merece ser assistido.
Guerreiro começa com Paddy Conlon (Nick Nolte, ótimo.), chegando em casa se deparando com Tommy Riordan, ex-Tommy Conlon (Tom Hardy), seu filho mais moço a quem não via a quase quinze anos. Paddy era um alcoólatra abusivo, e não é particularmente querido por Tommy, ou por seu filho mais velho, Brendan (Joel Edgerton).
O ex-fuzileiro naval Tommy quer que Paddy o treine para um evento de artes marciais mistas que pagará um prêmio de cinco milhões de dólares, e quer Paddy como seu treinador e treinador apenas.
Ao mesmo tempo Brendam vem tendo problemas financeiros. O ex-lutador de UFC e hoje professor de física e pai de família está prestes a perder sua casa para o banco e precisa desesperadamente de dinheiro. Pra isso resolve retornar à antiga academia e voltar a lutar em pequenos eventos. Entretanto, o destino pode acabar cruzando o caminhos dos três no mega evento Sparta, um torneio definitivo organizado para encontrar o lutador mais apto do mundo do MMA e premiá-lo com cinco milhões de dólares.
Ainda que seja previsível como são a maioria dos filmes do gênero, Guerreiro se sobressai tanto por investir no MMA, esporte que mais cresce no mundo hoje, quanto pelas cenas de luta brutais e muito bem coreografadas, quanto pelo bom trabalho do elenco que ainda tem Kevin Dunn, Frank Grillo e Jennifer Morrison (A Cameron de House, esbanjando saúde e sem ser chatinha como era na série).
Tom Hardy cria um atormentado Tommy Riordan, quase um Mike Tyson do MMA com seu físico atarracado, capuz preto e nocautes relâmpago. A certa altura já não se pode mais aguentar o personagem com pose de bad boy traumatizado, e então, quando se pensa que não vai sair nenhum coelho daquele mato, o personagem surpreende com um momento de doçura e calidez que parecia impensável até ali e que graças ao talento de Hardy não soa forçado ou inócuo. Joel Edgerton tem mais com o que trabalhar. O seu Brendan Conlon é o tipo de personagem sofrido que chove em dramas esportivos, e o ator neo-zelandês convence tanto na hora da porradaria no octógono quanto na sala de aula e nos momentos de doçura familiar. A grande atuação do filme, porém, é de Nick Nolte. Mesmo sabendo que seu personagem era um bêbado violento é difícil não sentir pena dele graças a interpretação de Nolte. O ator é o dono de todas as suas cenas, e as suas interações com os filhos são de aplaudir em pé.
Não deixe Guerreiro ficar mofando na prateleira da sua locadora. Vá até lá, alugue e aprecie. Mesmo não tendo absolutamente nada de revolucionário, é um ótimo drama esportivo, e merece duas horas e pouco de atenção. Não tem arrependimentos.

"-Eu gostava mais de você quando você era um bêbado."

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