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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Sem Sentido



Acordou-se em cima de um ganso enorme. Enorme mesmo, maior do que uma cama. Sentou-se sobressaltado ao perceber aquela ave imensa onde jazia. O pássaro o olhou de volta e apontou para uma porta em pé no meio de uma névoa cinza. Ele se levantou com dificuldade e calçou um par de coturnos roxos e uma camiseta do time de basquete Orlando Magic. Não vestiu calças, continuou apenas com a cueca samba-canção do Homem-Aranha. Andou pensando no ridículo da sua veste até a porta apontada pelo ganso e a abriu. Do outro lado havia uma sala escura exceto pela luz fraca que entrava pelas frestas das tábuas que cobriam a única janela do ambiente. Por alguma razão aquela sala parecia familiar... Ele não sabia o porquê... Havia em um canto um pufe em forma de demônio e no outro uma TV onde passava um jogo de futebol. O jogo parecia a final da Copa do Mundo de 90, entre Argentina e Alemanha, mas ao invés da narração estava tocando em alto e bom som o tema do Programa Sílvio Santos... "Agora é hora, de alegria, vamos sorrir e cantar, do Mundo nada se leva...", mas estava errado... Não era o ritmo certo, e não era "do mundo não se leva nada"?... Ouviu um rádio onde o presidente João Batista Figueiredo discursava em coreano... Ele nem sabia que o Figueiredo falava coreano. Era criança demais quando Figueiredo foi presidente... Arrancou uma das tábuas da janela e olhou pra rua, um leviatã flutuava entre os prédios anunciando uma promoção de sorvete caseiro e ele estava atrasado pra jantar com o conde...
Acordou-se novamente, agora em sua própria cama, encolhido de frio pois sua coberta deslizara e caíra no chão. Lembrou-se da última vez em que havia despertado assim, cm tanto frio e descoberto. Havia sido ao lado dela. Ela não apenas o havia deixado praticamente nu sem cobertor como também dormia com o ventilador ligado no inverno. Ele lembrava de ter despertado com as mãos dormentes de tanto frio. Lembrava-se também de não ter ficado bravo nem ofendido. Achou graça... Achou que valia a pena a ameaça de hipotermia... Ao lado dela tudo fazia sentido. E longe dela, era como o sonho do qual ele havia despertado e a imagem da postagem:
Sem significado algum.

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