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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Resenha Cinema: Sombras da Noite



O Tim Burton é um diretor com peso suficiente pra fazer os projetos que o agradem razoavelmente sem se preocupar com interferências de estúdio (Sua "casa" costumeira é a Warner). Posto isso, podemos dizer que, quando as coisas não funcionam nos filmes do cineasta, a culpa é basicamente dele.
O diretor que realizou filmes como Edward - Mãos de Tesoura, Os Fantasmas se Divertem, O Estranho Mundo de Jack e Peixe Grande não vem acertando a mão ultimamente. Mesmo seu bilionário Alice no País das Maravilhas não foi unanimidade entre os fãs e críticos, e Sweeney Todd e A Fantástica Fábrica de Chocolate, então, nem se fala.
Quando saiu a notícia de que o próximo filme de Burton seria uma adaptação da série Sombras da Noite, originalmente exibida pela CBS entre 1966 e 1971 logo todo mundo bocejou pensando "OK, mais uma adaptação de algo que já existia em fórmula de fábula sombria, estrelando Johnny Depp e Helena Bonham Carter, cheia de personagens pálidos e roupas listradas e xadrezes com a música de Danny Elfman.", ou seja: Algo que já vimos diversas vezes na carreira de Burton e que, ultimamente, não tem funcionado.
Ainda assim, o elenco foi ganhando outros e interessantes nomes, juntaram-se aos obrigatórios Depp e Carter Michelle Pfeiffer, Eva Green, Johnny Lee Muller e Chloë Grace Moretz. E os trailers do filme acenavam mais com uma comédia sobrenatural do que com a fábula algo tétrica que Burton costuma entregar. A despeito da quase ausência de divulgação do filme até quase em cima da hora do lançamento, o que geralmente é um mau sinal, Sombras da Noite foi capaz de despertar minha curiosidade, e foi apenas por conta dessa curiosidade e por respeito à obra pretérita do criador de A Noiva Cadáver e A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça que eu me desloquei até o cinema no sábado pra ver o filme.
Sombras da Noite conta a história de Barnabas Collins (Depp), jovem herdeiro de uma proeminente família inglesa que migra para os Estados Unidos e monta um império pesqueiro no estado do Maine, onde ergue a cidade de Collinsport.
Barnabas é um jovem apaixonado e prestes a se casar, até despertar a afeição da bruxa Angelique (Eva Green, ótima). Enfurecida por sua afeição não ser correspondida, Angelique amaldiçoa Barnabas a se tornar um vampiro, e o aprisiona por 196 anos em um caixão sob a terra. Barnabas, porém, acaba sendo acidentalmente libertado, e retorna à mansão Collinwood, onde seus descendentes, hoje uma família disfuncional cheia de alcoólatras, crianças infelizes, adolescentes rebeldes e moral duvidosa passam por sérias dificuldades.
Enquanto se adapta à sua nova realidade, o vampiro Barnabas decide restaurar Collinwood à sua antiga glória, e reconstruir o império dos Collins a qualquer custo.
Sombras da Noite não funciona muito bem, no entanto. Apesar de ter bons momentos cômicos, a maioria deles relacionados ao estranhamento de Barnabas, um aristocrata do século XVIII em meio aos kitsch anos setenta, o filme não se desenvolve como esperado, e resulta em um longa tremendamente irregular que não encontra o tom certo.
Sombras da Noite se perde ao não se ater apenas à comédia, e diluir seu potencial entre inúmeras linhas narrativas paralelas (lobisomens, fantasmas, cleptomaníacos, passados sofridos, a luta pelo monopólio pesqueiro da região...) e entre a comédia de costumes invadida pelo ente sobrenatural e a trama de vingança e romance vitoriano. Essa falta de liga do roteiro de Seth Grahame-Smith fica clara no subaproveitamento de Chloë Moretz e de Bella Heathcote.
Melhor se saem Depp, que faz, talvez, seu personagem mais divertido desde o primeiro Piratas do Caribe, e Eva Green, que rouba a cena como a vingativa e sexy bruxa Angelique.
Sombras da Noite não chega a ser ruim como Alice e A Fantástica Fábrica, mas não empolga nem decola. Resta esperar que Frankenweenie, próxima incursão de Burton ao mundo das animações, onde ele tem se dado melhor, ajude o realizador a recuperar a boa forma, e tirar o gosto ruim dos seus últimos trabalhos da boca.

"-Eu vou lhe fazer uma proposta, Barnabas. Será minha última: Você pode se juntar a mim, ao meu lado, e nós comandaremos Collinsport juntos como parceiros e amantes... Ou eu o colocarei de volta na caixa.
-Eu possuo, já preparada, minha contra-proposta. Lê-se desta forma: Você pode posicionar estrategicamente seus maravilhosos lábios sobre minha parte posterior e beijá-la repetidamente."

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