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terça-feira, 4 de junho de 2013

Quadrinhos: O que Aconteceu ao Cavaleiro das Trevas?



Foi em 1986, às vésperas da primeira Crise da DC, que Julios Schwartz, editor de longa data das revistas do Superman, teve a ideia de produzir uma história para encerrar a cronologia do Homem de Aço de 1938 até aquele momento.
Os artífices da história em questão, chamada O Que Aconteceu ao Homem do Amanhã?, foram Alan Moore, Curt Swann, George Pérez e Kurt Schaffenberger, e ainda hoje, a história derradeira do Homem de Aço, é lembrada como uma das melhores histórias em quadrinhos já produzidas, além de um exemplo perfeito do que é encerrar com estilo uma cronologia (Vou voltar à essa história conforme nos aproximarmos da estreia do novo filme do Superman, prometo.).
Anos se passaram, e em 2009, às vésperas de mais uma Crise, a DC resolveu repetir a premissa, uma última história, encerrando uma cronologia de várias décadas, mas dessa vez, ao invés de centrar fogo no Superman, mostrar o que seria a última história de ninguém mais ninguém menos do que o Batman.
O escritor encarregado de descascar tal pepino, foi outro dos membros da Santíssima Trindade dos quadrinhos. Neil Gaiman (Se tu me perguntar, eu vou dizer que a Santíssima Trindade já foi composta por Alan Moore, Neil Gaiman e Frank Miller, mas Miller foi substituído, não faz muito tempo, por Grant Morrison).
Perfilados ao criador do Sandman, estava o desenhista Andy Kubert e o arte-finalista Scott Williams.
E é exatamente o que se poderia esperar de uma derradeira história do Batman pelas mãos do mestre dos sonhos.
O Que Aconteceu ao Cavaleiro das Trevas (No original "O Que aconteceu ao Cruzado Encapuzado", um título muito mais coerente com o clima da história), mostra o funeral de Batman.
O evento fúnebre toma lugar nos fundos de uma birosca qualquer no Beco do Crime, onde os convidados são recebidos pelo balconista Joe Chill, e encaminhados ao Alfred, que acomoda os convidados para prestar suas últimas homenagens ao Homem-Morcego.
A estranha lista de presenças conta com Selina Kyle, o Coringa, comissário Gordon, Bárbara Gordon, Dick Grayson, Cara de Barro, Pinguim, Harvey Bullock, Superman... Inimigos, amigos e aliados, contando, cada um deles, a história de como o Batman finalmente morreu lutando a sua incansável guerra contra o crime.
A questão, notada inclusive pelo próprio Batman, que vê seu próprio funeral e o racionaliza como uma EQM, é que as histórias todas diferem entre si. Exceto por um fator:
A morte de Batman.
Lançando mais um enigma para ser desvendado, do túmulo, pelo maior detetive do Mundo nos momentos finais de conciência antes do fim.
Fica bastante óbvio, desde o prefácio do próprio Gaiman, o amor do britânico pelo personagem. Esse amor todo permeia cada página da história, e cada um dos relatos da morte do Morcego, sempre terminando com o autor do depoimento deixando claro, de uma forma ou de outra, o efeito que a morte do guardião de Gotham deixou (Destaque especial para os relatos de Alfred e do Coringa). Cada morte do Batman pelas mãos de Gaiman, é dolorosa, e afeta ao próprio assassino, e mesmo as mortes mais mundanas, deixam claro que o destino do Batman é defender Gotham, em qualquer escala, até seu último suspiro.
Os desenhos de Andy Kubert, emulando com estilo outros artistas históricos do Batman em cada relato, são muito bons, mas francamente, a arte-final de Scott Williams deixa os desenhos de todo mundo parecidos com os de Jim Lee, então, pra mim, bola fora nessa escolha. Nada que estrague a história, porém, apenas rouba um pouco da originalidade de um quadrinho que deveria transpirar personalidade.
Neil Gaiman acha o tom certo, e faz uma emocionante mistura de despedida e boas vindas ao cruzado encapuzado, além de uma inspirada homenagem a todos os bat-roteiristas e bat-artistas que encheram páginas de palavras e imagens e os corações dos malfeitores de terror.
A edição encadernada lançada pela Panini custa R$ 21,90, tem capa dura e papel de qualidade no miolo. Além da história que batiza a edição, ainda traz de brinde outras quatro bat-histórias escritas por Gaiman:
Um Mundo em Preto e Branco, com arte de Simon Bisley, Pavana, com Mark Buckingham e Nansi Hoolahan, Pecados Originais, com Mike Hoffman, Kevin Nowlan e Tom McCraw, e "Quando" É Uma Porta, parceria com Bernie Mireault, Matt Wagner e Joe Matt.
Essencial pra qualquer fã do morcegão. De Neil Gaiman. De quadrinhos, e de boas histórias.

"O Batman não faz concessões. Eu mantenho a cidade segura... Mesmo que mais segura para apenas uma pessoa... E eu nunca... Jamais... Recuo, ou desisto."

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