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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Resenha Filme: Superman - O Retorno

Última parada da nossa viagem no tempo sobre os filmes do Superman no cinema. Agora é hora de ver como foi a revitalização do personagem e seu retorno ao cinema em 2006.


Muita água tinha rolado por baixo da ponte desde que Christopher Reeve fizera seu último voo sorridente sobre a atmosfera da Terra.
Ao menos quatro projetos já haviam sido cogitados e engavetados pela Warner Bros. desde que a empresa recuperou controle criativo sobre a franquia cinematográfica do Homem de Aço em 1993.
Tim Burton chegou a ser contratado para dirigir um roteiro escrito por Kevin Smith e chamou Nicolas Cage para o papel principal num quase filme que consumiu 30 milhões de dólares até ser engavetado de vez.
Outros projetos roteirizados por Akiva Goldsman, Andrew Kevin Walker e J. J. Abrams foram cogitados, atores como Jude Law, Brendan Fraser, Colin Farrel, Josh Hartnett, David Boreanaz, Ashton Kutcher, James Franco, Paul Walker, Johnny Depp e Will Smith foram considerados para o papel principal, enquanto a Warner considerava para a direção nomes como McG, Wolfgang Petersen, Brett Ratner, Michael Bay, Ralph Zondag, Martin Campbel, Shekhar Kapur, Robert Rodriguez, Simon West, Stephen Norrington e até Oliver Stone.
McG e Ratner estiveram perto de aceitar o projeto, que ao longo do processo de desenvolvimento, passando pelas mãos de diversos produtores, esteve à beira de ser uma sequência dos filmes anteriores, um reboot, uma adaptação da história A Morte do Superman, e até um crossover Superman x Batman com títulos como Superman Lives, Superman Flyby e Superman Reborn.
Nada disso, porém, saiu da zona das hipóstese.
Quem esteve muito perto de tirar o roteiro de J. J. Abrams, Superman Flyby, do papel, foi mesmo McG, que cogitava escalar um desconhecido para o papel central, e tinha em mente Selma Blair, Scarlett Johansson ou Beyoncé para o papel de Lois Lane, Shia LaBeuf como Jimmy Olsen e Johnny Depp como Lex Luthor.
O medo de McG de voar e a vontade da Warner de rodar o filme na Austrália para cortar custos, porém, acabaram mudando o rumo das coisas. O diretor de As Panteras foi afastado da cadeira do diretor enquanto a vaga era oferecida a Bryan Singer.
O diretor dos excelentes Os Suspeitos e O Aprendiz, e realizador dos ótimos X-Men e X-2 herdou o filme.
Desde o começo da divulgação de X-Men, Singer assumia publicamente ser um grande fã de Superman - O Filme, e admirador da fórmula de verossimilhança adotada por Dick Donner (marido da produtora Lauren Schuler-Donner, de seus X-Men) no filme do azulão de 1978. Com essas credenciais, Singer assumiu o novo Superman da Warner em julho de 2004, pondo fim a onze anos de idas e vindas do retorno do Superman à tela grande, e também a X-Men 3, que já estava em pré-produção, e acabou caindo no colo de Brett Ratner, que cometeu aquele horror que nós vimos na franquia dos mutantes.
Os trocentos roteiros que circularam pela Warner ao longo dos anos acabaram sendo descartados, e o script filmado era de Michael Dougherty, Dan Harris e do próprio Singer.
O elenco tinha Kevin Spacey como Lex Luthor, Kate Bosworth como Lois Lane, Frank Langella no papel de Perry White, Sam Huntington como Jimmy Olsen, e o desconhecido Brandon Routh interpretando Superman/Clark Kent.
Singer conseguiu permissão para usar arquivos de imagem do primeiro filme do Superman e teve Marlon Brando novamente como Jor-El, e usou a trilha original de John Williams no seu longa (o restante da partitura era de John Ottman).
Parecia não ter como dar errado. Um diretor claramente competente, apaixonado pelo material original, um elenco (que ainda tinha Parker Posey, Eva Marie Saint, James Marsden, Kal Penn e Tristan Lake Leabu) talentoso e promissor, e ótimos efeitos visuais só podia dar em coisa boa, não é? A própria Warner concordava, tanto que meses antes de lançar o filme, já anunciava uma sequência para o verão de 2009, tamanha era a confiança do estúdio no longa de Singer.
É... Bem...
Em junho de 2006, chegava aos cinemas o ambicioso Superman - O Retorno.
No longa, uma sequência direta ao Superman II (mais da versão de Donner do que da versão cinematográfica de Donner/Lester), Superman retorna à Terra após cinco anos de ausência explorando o espaço sideral em busca de sobreviventes de Krypton.
Após essa busca infrutífera, o homem de aço tenta retomar sua rotina. Ele consegue reassumir seus afazeres no Planeta Diário, e lá descobre que, no período em que esteve fora do planeta, Lois Lane seguiu com sua vida. A intrépida repórter agora é mãe de Jason (Tristan Laebu), seu filho com Richard White (Marsden), sobrinho de Perry.
Enquanto Clark tenta se habituar à essa nova realidade, Lex Luthor, livre após o Superman não comparecer para depôr em sua audiência, casou-se com uma velha podre de rica que acaba de morrer, deixando a maior mente criminosa do nosso tempo livre e cheio de recursos para levar a cabo seus planos pérfidos.
Enquanto o Superman revela ao Mundo seu retorno ao salvar Lois de um acidente aéreo envolvendo um ônibus espacial e um boeing (Uma versão anabolizada do resgate do helicóptero no filme de 78), Luthor e seus asseclas viajam à Fortaleza da Solidão, onde o vilão se apossa da avançadíssima tecnologia kryptoniana que lhe dará vantagem em sua guerra pessoal contra o Superman e o mundo que o herói jurou defender.
Bueno... Quem viu o filme sabe que, pra ruim, não serve. Singer é excelente em seu ofício, e está particularmente estiloso no comando de Superman - O Retorno, e seu inchadaço orçamento de quase 270 milhões de dólares.
O filme é uma obra prima em termos de fotografia, direção de arte, figurinos, e toda a parte técnica.
O roteiro e a história são uma homenagem velada aos filmes de Richard Donner e a um personagem que é o pai maior de todo um estilo.
O trabalho do elenco é bom, em especial de Kevin Spacey que acha um tom perfeito entre o sarcástico cômico e o maníaco perigoso para seu Luthor, enquanto Bosworth, apesar de chatinha, faz justiça à xaropice inerente de Lois. Langella e Huntington também se dão bem em seus White e Olsen, mas Superman - O Retorno esbarra em um problema que, não. Não é Brandon Routh.
O ator, bonito, alto e forte como exige o papel, não tem o carisma de Reeve, que conseguia expressar doçura e indestrutibilidade na mesma nota.
Ainda assim, isso não seria problema se a ideia de Singer não fosse, desde a escolha do ator para o papel, emular o Superman de Christopher Reeve.
Ainda que fisicamente Routh guarde alguma semelhança com o intérprete anterior do personagem (especialmente caracterizado como Clark Kent), quando se assiste ao filme, o que vemos é um ator tentando desesperadamente se passar por outro.
Junte-se a esse problema grave, o fato de o roteiro não ser exatamente original (O que eu falei sobre o acidente aéreo de Lois vale praticamente para o filme inteiro. Superman - O Retorno, é uma versão anabolizada de Superman - O filme.), ou particularmente empolgante como pediria um filme com o maior herói dos quadrinhos, além de algumas liberdades criativas de Singer para com a relação de Lois e Superman, e pronto...
A chiadeira dos fãs do herói, somada à resposta morna do público (que não fez coro com a crítica especializada, que elogiou bastante o longa), e a bilheteria de cerca de 391 milhões de dólares, uma boa quantia, mas pouco para um filme de custou mais de 250 milhões em tempos de Homem-Aranha chegando na marca dos oitocentos milhões mundo afora afetaram Superman - O Retorno, que colocou o homem de aço de volta na geladeira, mas não é assim para manter o maior super-herói da Terra longe dos olhos do público.
Hoje, 21:15 da noite, eu vou me sentar no assento J-11 da minha sala de cinema favorita, e conferir O Homem de Aço.
E amanhã eu conto pra todo mundo que tal é o filme. Para o alto, e avante.

"Você fará de minha força, a sua. Você verá minha vida através dos seus olhos, como sua vida será vista através dos meus. O filho se torna o pai, e o pai, se torna o filho."

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