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sexta-feira, 20 de maio de 2016

Resenha Blu-Ray: Jogos Vorazes - A Esperança: O Final


Complementando minha dose semanal de Jennifer Lawrence, resolvi, após assistir ao ótimo X-Men: Apocalipse, ver como terminou todo aquele problema em Panem, com as agruras de Katniss Everdeen, Gale Hawthorne e Peeta Melark contra a opressão da Capital e seu ultrajante regime opressor sugando os distritos.
Estou falando, claro, de Jogos Vorazes, a franquia baseada na trilogia literária de Suzanne Collins que rendeu quase três bilhões de dólares em bilheterias com seus quatro filmes (porque trilogias literárias escritas para o público jovem sempre ficam meio Guia do Mochileiro da galáxia e se tornam trilogias em quatro partes quando chegam ao cinema? Seria ganância?).
De qualquer forma, até que demorei para assistir A Esperança - O Final. Havia gostado dos demais filmes da série, ainda que tenha assistido apenas ao primeiro no cinema, e se não voltei à sala escura para as sequências, não foi por mais senão a lotação das salas e o excesso de horários dublados.
Como já havia acontecido nos outros dois longas, não posso dizer que não senti uma ponta de arrependimento por ter deixado de ver o fim da saga de Katniss em tela grande.
O longa abre de onde o anterior havia terminado.
Katniss (Jennifer Lawrence, a delícia talentosa à qual todos nos rendemos) está no bunker sob as ruínas do distrito 13 recebendo atendimento após quase ser estrangulada por Peeta (Josh Hutcherson), que sofreu uma terrível lavagem cerebral enquanto foi refém do presidente Snow (Donald Sutherland) na capital.
Enquanto os rebeldes liderados por Plutarch Heavensbee (O falecido Phillip Seymour Hoffman) e Alma Coin (Julianne Moore) seguem ganhando terreno sobre a Capital, vencendo batalhas e conquistando novos distritos, a possibilidade de uma real invasão ao covil de Snow se torna uma possibilidade cada vez mais discernível no horizonte da rebelião, e diante desse cenário, ser um símbolo e uma poderosa ferramenta de propaganda já não serve mais para Katniss.
Ela planeja se perfilar a seus companheiros rebeldes e pôr um fim definitivo aos desmandos de Coriolanus Snow e seu regime que ceifou milhares de vidas e sangrou toda a Panem em nome do espalhafatoso estilo de vida da Capital. E ela planeja fazer isso enfiando uma flecha no meio dos cornos do ditador.
Para tanto, Katniss se junta ao Esquadrão 451, um pelotão de super-estrelas que estarão sempre alguns dias atrás da infantaria rebelde de modo a ter um pouco mais de segurança, haja vista que são os rostos da causa.
A força-tarefa é composta, entre outros, por Cressida (Natalie Dormer, de Game of Thrones), seus colegas, os irmãos Castor (Wes Chatham) e Pollux (Elden Henson, de Demolidor), mais Finnick Odair (Sam Claflin) e Gale (Liam Hemsworth), sob o comando de Boggs (Mahershala Ali, de House of Cards) se infiltrará na Capital de Panem, transformada em um Jogo Voraz gigante repleto de armadilhas chamadas "Casulos", que contém as mais variadas espécies de máquinas mortíferas preparadas para triturar, perfurar, queimar, explodir ou esfolar quem se aventurar pelas ruas da cidade.
Pra piorar, o esforço de propaganda de Plutarch e da presidente Coin acha que é uma boa ideia ter Peeta tomando parte no grupo, á despeito de ele ainda estar sofrendo os efeitos do período de tortura nas garras de Snow e ter frequentes rompantes homicidas para com seus companheiros de invasão.
Com o destino de Panem na balança, e a invasão se mostrando infinitamente mais complicada do que parecia possível conforme o Esquadrão 451 diminui de tamanho a cada nova armadilha, Katniss ainda precisa lidar com o triângulo amoroso que se desenhou entre ela, Peeta e Gale, enquanto tenta destruir o regime de Snow e trazer paz e união aos Distritos.
Jogos Vorazes: A Esperança: O Final é bem bacana.
O filme mantém o bom nível da série, se mantendo com vantagem de um corpo em relação a qualquer outra franquia para "jovens adultos" no cinema, seja os romances vampiremos de Crepúsculo ou os futuros distópicos de Divergente e Maze Runner, e nem me refiro ao corpinho delicioso de Jennifer Lawrence.
A trama de Jogos Vorazes é mais interessante, consideravelmente mais brutal, esperta e audaciosa do que a concorrência, quase esperta demais para seu público alvo.
Quase.
Pra engrossar o caldo, há uma grande coleção de talentos diante das câmeras que apenas dão mais lastro à série. Quantos filmes podem se dar ao luxo de ter no elenco gente como Jeffrey Wright, Julianne Moore, Phillip Seymour Hoffman e Woody Harrelson além de Lawrence, uma atriz muito acima da média de qualquer outra de sua geração, emprestando à personagem principal um apelo que nenhuma outra protagonista nesse tipo de cinema consegue replicar.
Claro, nem tudo são flores. Em sua ânsia de encher os cofres com um pouco mais de grana a Lions Gate partiu A Esperança em dois o que resultou em um par de filmes que somam quatro horas e vinte minutos das quais poderíamos facilmente dispôr de duas horas.
A primeira hora de A Esperança: O Final é um convite ao cochilo, absolutamente arrastado tendo em vista que a primeira metade de A Esperança: Parte 1 já havia feito o serviço de espalhar as peças sobre o tabuleiro.
O cenário fora montado de maneira mais do que satisfatória nas arrastadas duas horas do longa anterior, de modo que a primeira metade do capítulo final é arrastada pra caramba.
Por sorte, o roteiro de Danny Strong e Peter Craig consegue acelerar o ritmo de maneira bastante satisfatória assim que os rebeldes chegam à Capital. O melhor segmento sem dúvida é a luta entre o Esquadrão 451 e os bestantes subterrâneos nos esgotos de Panem, uma sequência de ação tensa e bem orquestrada onde James Newton Howard faz por merecer seu salário com uma partitura que cai como uma luva.
Além da boa ação, há um plot twist interessante ao final, ainda que ele fosse bastante óbvio à certa altura do longa, e um momento bastante interessante onde Peeta e Gale falam sobre sua relação com Katniss.
Obviamente eu não vou contar com quem a heroína fica no fim das contas, mas deixe-me dizer que, o desfecho no quarto, teria sido um encerramento muito mais condizente com a personagem central do que o desfecho no bosque, que vem logo em seguida.
Apesar disso e da óbvia encheção de linguiça que permeia 50% dos dois últimos longas, Jogos Vorazes é uma boa série. Tem cérebro, coração e colhões, e isso é muito mais do que a maioria das franquias do tipo têm a oferecer.
Katniss Everdeen merecia ser a heroína modelo de uma geração, e, a despeito de eventuais equívocos na hora de encerrar a série, ela a termina com a dignidade intacta.

"-Você me ama: Verdadeiro ou falso?
-Verdadeiro."

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