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terça-feira, 31 de maio de 2016

Resenha Filme: Zerando a Vida


Eu percebi que, nos últimos anos, venho pegando pesado com Adam Sandler nas minhas resenhas.
Não é pessoal. Não tenho nada contra Sandler, e até dei uma procurada pelo arquivo do blogue pra confirmar isso. Tá Rindo do Quê recebeu uma crítica positiva em 2010, e mencionei Embriagado de Amor e Reine Sobre Mim como filmes dos quais gostava, e tenho certeza absoluta que devo ter mencionado Afinado no Amor de forma positiva em algum momento.
Pra provar que não tenho nenhuma rixa pessoal contra Sandler, deixa eu abrir a resenha de Zerando a Vida, segundo de quatro filmes do acordo da produtora do ator, Happy Madison com o serviço de streaming Netflix, com um elogio:
Zerando a Vida é infinitamente melhor do que The Ridiculous Six.
Pronto.
Minha primeira manifestação sobre o longa é elogiosa.
E sincera.
O novo longa de Sandler, dirigido por Steven Brill e co-estrelado por David Spade é, sim, muito superior ao primeiro filme do comediante em parceria com a Netflix.
Infelizmente isso é provavelmente a única coisa de fato positiva que se pode destacar de Zerando a Vida.
No longa, narrado do ponto de vista de Charlie McMillan (Spade), sabemos através do próprio que ele é a epítome do loser norte-americano.
Charlie chegou aos quarenta e tantos morando na mesma casa onde cresceu, dirigindo o mesmo carro da época de colégio, trabalha em um estande de um banco que fica dentro de um supermercado e casou com a moça por quem era apaixonado no ensino médio, uma tremenda vagabunda que o trai com frequência, e trouxe na bagagem um par de filhos gêmeos que não o respeitam e um ex-marido que é o ficha um nas escapadas da piranha.
As coisas mudam para Charlie quando seu melhor amigo dos tempos da escola o reencontra na reunião de vinte e cinco anos da turma.
Max (Sandler), afirma ter realizado seus sonhos de criança e se transformado em um agente do FBI. Ele conta estar vivendo o sonho e não acredita que Charlie tenha desperdiçado sua vida e seu potencial em uma existência medíocre e infeliz.
Após curtir uma noite de parceria com o antigo amigo, Charlie aceita o convite de Max para um final de semana em seu novo barco.
É durante esse final de semana que Max põe em prática um plano mirabolante de forjar a morte de ambos para que eles possam recomeçar suas vidas da maneira como sonharam, com novas identidades e sem a bagagem dos anos de vida dura atrás de si.
Max consegue realizar a farsa rapidamente com a ajuda de dois cadáveres que ele tirou do necrotério, mas quando a dupla começa a seguir a pista de uma chave encontrada no reto de um dos defuntos, o que os leva a um cofre bancário repleto de dinheiro e à chave de uma mansão à beira mar em Porto Rico, eles percebem que talvez tenham escolhido a dupla de cadáveres errada para personificar conforme se veem perseguidos por assassinos profissionais e enrolados em uma trama que envolve o grandes empresas farmacêuticas, gangues de motoqueiros, a cura do câncer e o American Express.
Como eu já disse, muito melhor do que The Ridiculous Six, mas sejamos francos, isso chega a ser um mérito?
Por mais que road trips sejam um filão fértil que casa muito bem com comédias de ação, isso jamais chega a ser bem aproveitado por Zerando a Vida, um filme escrito sem inspiração por Kevin Barnett e Chris Pappas e dirigido de maneira preguiçosa por Brill.
Sandler interpreta praticamente o mesmo sujeito de todos os seus outros filmes, mas ao menos não é a versão fodona de si mesmo de longas como Zohan e The Ridiculous Six, mas aquela um pouco mais rabugenta e pateta de Pixels e A Herança de Mr. Deeds. Ainda assim, ele é um inexplicável "Action Jackson" capaz de trocar tiros com pistoleiros de aluguel, realizar manobras iradas de carro e só não é mesmo do FBI porque não sabe empinar a sua moto.
Spade, por sua vez, faz o mais clichê do sujeito-de-quarenta-e-tantos-que-não-sabe-onde-sua-vida-deu-errado arrastado para aventuras pelo amigo porra louca a quem não sabe dizer não.
O longa segue religiosamente toda a cartilha do gênero, com o roteiro repetindo e reciclando pequenas reviravoltas que nada têm de surpreendentes enquanto personagem após personagem é revelado gay em piadas que podem ofender os mais sensíveis e os mais frescos mas falham em sua principal tarefa:
A de fazer rir.
Absolutamente previsível, repetindo situações várias vezes ao longo do filme, com um vilão oculto que está na cara e uma grande reviravolta final que, de tão mastigada e regurgitada na audiência perde todo o peso dramático, Zerando a Vida segue a fórmula dos filmes habituais de Sandler com a Happy Madison, incluindo aí pontas para os amigos do ator (o elenco tem, além de Spade, Sandler, Paula Patton e Katherine Hanhn participações de Sean Astin, Luis Guzmán, Nick Swardson e Jackie Sandler, esposa de Adam, além das filhas e do sobrinho dele) a escatologia quase obrigatória e algumas piadas sexuais, o longa só não falha completamente porque tem Paula (ohmeuDeus) Patton, linda de morrer e consegue arrancar alguns sorrisos e ao menos umas três risadas genuínas (pra mim foram exatamente três, casualmente em momentos em que não havia nenhuma pirotecnia ou apelação, mas apenas camaradagem verdadeira entre Sandler e Spade).
Zerando a Vinda é bem superior a Pixels e The Ridiculous Six, empreitadas de Sandler em 2015 que lhe valeram pódio duplo na minha lista de piores do ano, mas isso está longe de querer dizer que o filme é bom.
Ele não é horroroso como os últimos trabalhos do comediante, mas poderia ser classificado, na melhor das hipóteses como "apenas ruim".
Quem sabe o terceiro filme da dobradinha Happy Madison/Netflix seja "razoável" e o quarto "bom"?
Resta esperar.

"-É exatamente por isso que a gente parou de andar junto, Max, eu tô lembrando, você é louco..."

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