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segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Resenha Filme: Esquadrão 6


Se existe um diretor que vive pela premissa de diversão descerebrada, esse diretor é Michael Bay.
A mente (?) por trás da série Transformers, Bad Boys e Pearl Harbour é a epítome da forma sobre conteúdo (Michael Bay é o sujeito que recebeu permissão para usar a sala de conferências da NASA em Armageddon, mas optou por usar um set porque a sala de verdade não era "sexy o suficiente"), o diretor que não liga pra leis da física, limites do corpo humano ou coesão narrativa contanto que ele ache bonito, e, uma coisa é preciso se admitir: A assinatura de Bay é provavelmente uma das mais reconhecíveis de Hollywood hoje em dia.
Na primeira cena nós somos capazes de adivinhar que estamos vendo um filme do sujeito mesmo que não haja uma explosão com cara de buscapé de festa junina, um sujeito musculoso de farda sendo filmado em 360° ao pôr-do-sol ou uma câmera em ângulo oblíquo filmando a bunda de uma modelo de biquíni ou microssaia. Há inúmeras outras dicas visuais que denunciam o estilo de Bay, o homem é cheio de cacoetes dos quais simplesmente não consegue (ou, sejamos justos, não quer) abrir mão.
A maior parte desses cacoetes, por sinal, pode ser vista na perseguição automobilística de quinze minutos que abre Esquadrão 6, último trabalho do diretor, lançado na semana passada pela Netflix, quando um Alpha Romeo verde-limão causa um pandemônio em Florença.
A sequência de abertura entrecortada por flashbacks que parecem querer situar o espectador é o cartão de visitas das próximas duas horas onde acompanharemos o Esquadrão 6 do título.
Eles são um grupo de operativos composto pelo bilionário Número 1 (Ryan Reynolds), pela ex-espiã da CIA Número 2 (Mélanie Laurent), o ex-matador do cartel de Cartagena Número 3 (Manuel García-Rulfo), o ex-ladrão e praticante de parkour Número 4 (Ben Hardy), a cirurgiã Número 5 (Adria Arjona), e o motorista de fuga Número 6 (Dave Franco).
A equipe é formada por operativos que foram dados como mortos e hoje são fantasmas que têm a liberdade para operar como quiserem, sem as amarras de agências, governos ou quaisquer figuras de autoridade além de 1, que tem poucas exigências além de discrição absoluta e de que a missão esteja sempre acima de qualquer outra coisa, mesmo os membros da equipe.
A missão, nesse caso, é depôr o tirano ditador amante de armas químicas de um país fictício no oriente médio, substituindo-o por seu irmão democrata, é um belo objetivo, mas a tentativa de alcançá-lo não começa bem.
Após a perseguição que abre o longa, um dos membros da equipe morre, forçando Número 1 a encontrar um novo membro (que não necessariamente precisa ter o mesmo leque de habilidades do falecido, já que o escolhido é o ex-sniper dos fuzileiros navais interpretado por Corey Hawkins), que aceita o emprego tornando-se o número 7.
Enquanto conhece o resto da equipe e os métodos de Número 1, 7 e os demais dão sequência ao intrincado plano que os fará viajar ao redor do mundo para fazer justiça e libertar o Alguma-Coisa-Istão ou morrer tentando.
Não há muito mais o que se dizer a respeito da trama do filme.
Esquadrão 6 é realmente tênue de roteiro, muito mais uma desculpa para Bay filmar o que mais gosta, localidades paradisíacas, sequências de ação absolutamente sem sentido permeadas por pirotecnia disparatada e erros de continuidade em profusão do que realmente vontade de contar uma história.
Até porque, se observado sob qualquer fagulha de escrutínio ou senso crítico, o script do longa, assinado por Paul Wernick e Rheet Reese, desmorona como um castelo de cartas diante de um furacão.
Quer dizer, por que Número 1 escolheu essas pessoas para fazerem parte da equipe?
Por que elas aceitaram?
Por que ele as recrutou da maneira como recrutou?
Por que esse tirano em potencial é ponto de honra para o misterioso bilionário do ramo da tecnologia e não qualquer outro?
Nada faz sentido se a audiência começar a fazer perguntas. Não basta desligar o cérebro, é preciso deixá-lo em uma jarra em outro cômodo, porque senão as coisas ficam irritantes muito, muito rápido, especialmente quando o festival de absurdos é embrulhado em todos aqueles outros bayerismos aos quais nos habituamos ao longo dos anos, da edição picotada nas cenas de ação ao uso de slow motion (cuja ausência reduziria a metragem do filme em uns bons quinze minutos), está tudo lá, igual às últimas cinco ou seis vezes, mas dessa vez com Mélanie Laurent linda de morrer e Ryan Reynolds fazendo as piadinhas enquanto o cineasta tenta encaminhar o filme para um momento emocionante que, dada a superficialidade dos personagens, jamais acerta o alvo.
Se for membro do fã-clube de Ryan Reynolds e estiver muito, muito curioso para ver o filme, sugiro assisti-lo com o fast forward ativado em duas ou três vezes a velocidade normal, ao menos reduz o tempo de vida desperdiçado com essa coisa disforme e barulhenta, outrossim, deixe mofar na lista de filmes da Netflix.
Não posso nem chamar de lixo porque lixo normalmente é reciclável.
Evite a todo o custo.

"Com a solidão vem a liberdade... Para ir onde quiser. Fazer o que tiver vontade. Fantasmas têm um poder acima de todos: Assombrar os vivos. Assombrá-los... Pelo que eles fizeram."

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