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terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Top-10 Negativo - Cinema 2019

Apesar de ter ido poucas vezes ao cinema esse ano, minha relação cada vez mais próxima com os serviçoes de streaming e o Google Play Video me mantiveram bastante municiado de filmes para assistir ao longo desse 2019 e, não vou mentir, em mais de uma ocasião eu aluguei um filme especificamente porque achava que ele tinha potencial pra acabar nessa lista, aqui.
Tarefa facilitada pela produção industrial de filmes porcaria que Hollywood tem jogado nos cinemas em sua desesperada luta por lucros cada vez mais gordos ao final de cada período fiscal e pela falta de noção de grande parte da audiência, capaz de transformar as maiores porcarias em sucessos bilionários.
Para lembrar: Quanto mais alta a posição na lista, pior;
À lista:

10 - Casal Improvável


Seth Rogen chegou ao auge de sua carreira como ator em 50%, longa onde contracenou com Joseph Gordon-Levitt alguns anos atrás. De lá pra cá, o ator jamais saiu da zona de conforto, fazendo tipo maconheiros e desastrados de bom coração que são pegos em situações malucas por força das circunstâncias.
Casal Improvável, dirigido pelo mesmo Jonathan Levine de 50% não é uma mudança de paradigma para a carreira de Rogen. Muito antes pelo contrário. É mais do mesmo em nível máximo. A grande diferença aqui é que a situação maluca na qual esse maconheiro desastrado de bom coração se envolve por força das circunstâncias é um romance com a potencial candidata democrata à presidência dos EUA, Charlotte Field (Charlize Theron) que foi sua babá na adolescência e por quem ele nutria uma paixonite.
Uma tradicional comédia romântica sobre opostos que se atraem Casal Improvável peca por mais do que ser apenas chato e sem graça, mas por criar um casal protagonista desprovido de qualquer migalha de química. Se Rogen e Theron tivessem uma fagulha que fosse de genuína atração, talvez o longa fosse vagamente assistível, como não é o caso, é uma desses longas que mofará no catálogo do Amazon Prime Video até ser esquecido.

9 - Projeto Gemini


Ang Lee deve ter entrado no escritório do presidente da Paramount e dito "Eu sou um diretor três vezes vencedor do Oscar e quero fazer um filme de ação onde Will Smith enfrenta Will Smith.". Diante dessa premissa o presidente da Paramount deve ter respondido algo como "Cala a boca e pegue meu dinheiro", e Lee, sem ter sido confrontado com nenhuma pergunta não mencionou que ainda não tinha um roteiro e acabou sendo levado pela empolgação com as novas tecnologias que queria experimentar e fez o filme unicamente com base nessa premissa sem ter mais do que um fiapo de trama para a construção do longa.
É a única explicação que eu encontro para o tanto de dinheiro investido em um longa que tem tanta cara de filme de orçamento médio da década de 1990, Projeto Gemini é um filme de ação sem sequências de ação memorável, de natureza episódica e trama destrambelhada que em momento algum justifica o grau de talento envolvido no filme, do elenco cheio de nomes respeitáveis ao trabalho de CGI da Weta Workshop para criar o Will Smith jovem ao diretor de O Segredo de Brokeback Mountain e A Vida de Pi.

8 - X-Men: Fênix Negra


Fênix Negra deveria ter sido muitas coisas.
A despedida dos X-Men da Fox... A adaptação definitiva de uma das maiores histórias dos mutantes dos quadrinhos... Um longa de super-herói divertido e empolgante...
Mas o filme não foi nada disso.
Nas mãos inexperientes de Simon Kidberg, longevo produtor e roteirista da série, Fênix Negra se tornou um filme ora aborrecido, ora constrangedor que, sim, foi melhor que X-Men 3, mas esteve muito, muito longe de chegar perto de fazer justiça ao arco fundamental de Claremont e Byrne. Com uma bela trilha sonora de Hans Zimmer e o elenco de peso se esforçando pra trabalhar com um script defeituoso que ainda passou por extensas alterações por conta de similaridades com Capitã Marvel, Fênix Negra foi um desafinado canto do cisne para uma série que teve momentos espetaculares ao longo de quase duas décadas, mas que, em seus momentos finais jamais encontrou o equilíbrio de seus dias mais brilhantes.

7 - Vidro


Fragmentado fez todo mundo imaginar que M. Night Shyamalan havia retornado à sua melhor forma. O longa sobre o homem com transtorno de personalidade dissociativa que se transformava em um monstro era um longa divertidíssimo em si próprio e, para surpresa da audiência, ainda era uma sequência secreta de Corpo Fechado, um dos melhores longas da carreira do diretor.
Quando Vidro foi anunciado com os retornos de Bruce Willis e Samuel L. Jackson juntando-se a James McAvoy e Annia Taylor-Joy, todos ficaram esperando pelo que deveria ser um tremendo filme.
Como estávamos errados.
Pretensioso e monótono, o longa mantém seus protagonistas trancados em um hospital psiquiátrico por uma insuportável terapeuta que fica os convencendo de que eles não têm super-poderes por cerca de dois terços do filme...
Quando alguma coisa finalmente acontece, é anti-climático e mal ajambrado, e deixa a audiência com um gosto ruim na boca se perguntando se a "melhor forma" de M. Night Shyamalan é que não foi o acidente de percurso...

6 - Dumbo


Ver um bebê elefante alçar voo por dentro de um circo através das lentes de Tim Burton só poderia ser uma coisa espetacular...
Em 1994.
Em 2019 versão live action de Dumbo é inflada com um sem-número de novos elementos, personagens e desdobramentos para aumentar os econômicos sessenta e quatro minutos de projeção da versão animada de 1941 com resultados desastrosos. Os novos elementos não funcionam e os antigos são diluídos tornando o filme absolutamente estéril.
Dumbo é mais uma demonstração do ocaso de um cineasta que, na maior parte das vezes, parece estar tentando fazer uma imitação de si próprio porque não encontra mais projetos que realmente o interessem. É de se pensar que os melhores trabalhos recentes de Burton sejam Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas e Grandes Olhos, dois filmes desprovidos das assinaturas mais marcantes e óbvias da filmografia do diretor.

5 - Esquadrão 6


Michael Bay é um diretor com a cara do cinema-pipoca da década de 90. Ele criou parte da identidade visual dessa vertente cinematográfica com cara de videoclipe onde a forma é mais importante do que o conteúdo e foi extremamente bem-sucedido em seu metiê durante um bom tempo. Eu mesmo sou um amante de trabalhos de Bay. O primeiro Transformers, Bad Boys, A Rocha... São todos filmes divertidos dentro de sua proposta.
O problema é que Bay não evoluiu, e seu estilo de fazer cinema se tornou datado.
Isso fica evidente em Esquadrão 6, comédia (?) de ação estrelada por Ryan Reynolds sobre um misterioso bilionário que financia um grupo de agentes secretos que fazem justiça com as próprias mãos onde governos têm medo de se meter.
Absolutamente histérico de maneira negativa, com um roteiro sem sentido e piadas sem graça Esquadrão 6 é a epítome do cinema de Michael Bay e uma demonstração cabal das razões pelas quais ele é um cineasta cada vez mais irrelevante.

4 - Brightburn


-E se o Superman fosse um psicopata?
-E se ele fosse o vilão de um filme de terror?
-Bó, vamos fazer um filme disso...
Brightburn é o resultado que se poderia esperar de uma conversa como essa dando origem a um longa metragem. O filme é menos a narrativa de uma história e mais a extrapolação de como seria se o Superman fosse um psicopata juvenil em um filme de horror. De que maneiras ele iria massacrar pessoas com requintes de crueldade usando seus poderes conforme se tornava mais e mais poderoso...
Não tinha nenhuma chance de ser bom, mas nas mãos de um cineasta muito competente e inventivo, poderia, ao menos, ser uma hora e meia de diversão escapista, David Yarovesky não é muito competente e nem inventivo, e filma o longa com a cartilha dos filmes de terror da década de 80 embaixo do braço.



3 - Star Wars: A Ascensão Skywalker


Há um ditado entre torcedores colorados que diz que, quando a gente menos espera que o Internacional possa fazer algo de bom, aí mesmo é que ele não faz.
Essa poderia ser a tagline dos Star Wars da Disney. A irregularidade dos longas que se dividem entre bom, OK, ruim e péssimo alcança o patamar inédito de "nhé" nesse último lançamento. Não chega a ser um feito para ser desprezado. O estado da franquia após o resultado pavoroso de Os últimos Jedi não deixava margem para nada que não fosse continuar rumo ao abismo ou tentar fazer controle de danos, e nenhuma das duas opções era boa.
A Ascensão Skywalker tenta desesperadamente fazer controle de danos, e se o longa tem alguma qualidade é o "vai se foder" monumental que ele grita ao longa anterior o tempo inteiro.
Infelizmente, isso está longe de ser o suficiente para salvar a trilogia. O longa é equivocado. Estéril. Vazio...
Não há nada para se odiar nesse último filme da trilogia sequência porque ninguém mais se importa, e quando o longa termina com a linhagem Skywalker destruída e um Palpatine como único usuário da Força da galáxia, a sensação de melancolia só não é maior do que o ódio de Kathleen Kennedy e Ryan Johnson.


2- MIB - Internacional


Um exemplo clássico do que é a atual política de criação de Hollywood é esse MIB - Internacional:
O longa pega uma franquia que já fez muito sucesso comercial e a recauchuta usando dois astros que já demonstraram talento e carisma para segurar um filme nas costas como pé de apoio na esperança de cativar audiências com uma marca conhecida e atores queridos pelo público, mas esquecem de um roteiro que justifique a produção do filme.
O resultado é o que se poderia esperar:
MIB - Internacional é um produto desprovido de alma ou cérebro que à certa altura desiste de fazer sentido e se concentra em lutar desesperadamente para parecer divertido mas jamais consegue sê-lo.
As coisas acontecem porque sim, e os personagens fazem as coisas porque sim. E a audiência tem que gostar porque, afinal de contas, a Sony investiu pesado no filme e colocou Tessa Thompson e Chris Hemsworth como protagonistas do negócio, ora bolas...

1 - Exterminador do Futuro: Destino Sombrio


A franquia Exterminador do Futuro deveria ter terminado em 1992.
Tudo o que veio depois é lixo puro, cada tentativa de enfiar outro apocalipse atômico goela abaixo da audiência e pior do que a anterior e Destino Sombrio mantém essa média: É pior do que Genesis.
Eu digo isso porque Genesis jamais mentiu que era uma volta às origens, jamais enganou a audiência fingindo que era uma história que merecia ser contada. O longa se assumia como um caça-niqueis meia-boca e paciência, e ainda tinha Emilia Clarke, uma gracinha, no elenco.
Gênesis, por sua vez, é carregado de arrogância e prepotência dignas de James Cameron sem o talento inegável do cineasta para lhe dar lastro.
O filme é tão ruim quanto Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas, mas tentando surfar na onda do politicamente correto ao colocar um monte de "personagens femininas fortes" para quebrar o pau achando que isso, por si só, torna um filme bom. Não torna. A prova é que esse grotesco fracasso de bilheterias foi o pior filme que eu vi nesse ano.

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