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sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Resenha Série: The Witcher, Temporada 1, Episódio 4: De Banquetes, Bastardos e Enterros


É curioso notar como, por mais competente que tenha sido, o primeiro episódio de The Witcher foi, provavelmente, o mais fraco da série. Se isso não advoga em favor dos roteiros escritos por Lauren Schmidt e sua equipe, então eu não sei mais o que advoga. Seja como for, The Witcher alcança um novo píncaro nesse quarto episódio, De Banquetes, Bastardos e Enterros.
Se o episódio passado foi uma aventura de Geralt com tempero de filme de mistério conforme o Witcher investigava a verdade por trás da maldição sobre a filha do rei Faltest, nesse quarto capítulo o tempero é quase que o de uma comédia de estranhos no ninho.
Quando Jaskier é contratado para se apresentar na corte de Cintra durante a festa de noivado da princesa Pavetta (Gaia Mondadori), filha única da rainha Calanthe, o bardo está receoso em atender ao chamado.
Após anos frequentando os aposentos privados das senhoras da nobreza Cintrana, Jaskier teme que haja um considerável número de maridos chifrudos querendo sua cabeça, de modo que, idealmente, ele precisaria de proteção para trabalhar em paz. A muito custo o menestrel convence Geralt a comparecer à festa junto com ele, e presenciar o ocaso da pobre herdeira do trono de Cintra, que, a despeito de suas vontades e da encenação da apresentação de postulantes à sua mão, está prometida ao Crach An Craite, um homenzarrão bruto de Ard Skellige que garantirá prosperidade e segurança à Cintra através do matrimônio.
Durante as festividades, porém, um pretendente surpresa surge nos salões de Calanthe:
Duny (Barth Edwards), um cavaleiro errante sem sobrenome ou terras que demanda a mão de Pavetta por um expediente divertidíssimo chamado de A Lei de Surpresa.
A Lei da Surpresa é um contrato social com a maior cara de conto de fadas no qual uma pessoa que recebeu um grande serviço de outra concorda em premiá-la com algo. A pegadinha é que nenhum dos dois sabe o que é o prêmio já que a Lei da Surpresa está atrelada ao Destino, e menciona, especificamente, algo que a pessoa já tenha, mas ainda não sabe. No caso, Duny salvou a vida do pai de Pavetta no passado, eventualmente descobriu sobre a existência da princesa, apaixonou-se por ela, e veio tomar sua mão em matrimônio.
Não é necessário dizer que Calanthe não fica nem remotamente satisfeita com a coisa toda.
Ela já tinha todos os acordos políticos do mundo costurados no casamento de Pavetta com Crach, e não está disposta a abrir mão deles. Ela imediatamente manda seus soldados matarem Duny, que luta com bravura e habilidade até eventualmente ser sobrepujado pelo número de inimigos apenas para ser salvo por Geralt, o que transforma o noivado de Pavetta em um casamento dothraki com dúzias de guerreiros, nobres e até rainhas cruzando lâminas no salão.
Enquanto na linha narrativa principal nós vemos Geralt tomando uma atitude que pode mudar sua vida para sempre, do lado de Yennefer as coisas não estão exatamente tranquilas.
Passaram-se mais de trinta anos desde que a jovem de Vengerberg arriscou tudo para se tornar dona do próprio destino e fazer seu próprio caminho, mas a vida não é bem o que ela esperava. Pajeando uma rainha mimada que não para de ter filhas, Yennefer está longe de exercer a influência com a qual sonhava na juventude. A mesmice de seus dias aborrecidos se encerra quando um assassino ataca o séquito da monarca matando todos os seus soldados forçando a feiticeira a executar uma fuga desesperada através de portais mágicos com o matador e seu medonho inseto de estimação sempre no encalço das duas.
A perseguição tem um fim amargo, e aparentemente faz a bruxa questionar o tipo de vida que ela escolheu para si. Veja, Yennefer trocou a capacidade de gerar filhos por sua magia e os eventos de De Banquetes, Bastardos e Enterros parecem ter feito a feiticeira de Vengerberg se perguntar se o destino é de fato inevitável ou apenas a desculpa que as pessoas dão para ignorar o fato de que suas vidas são apenas acaso e as consequências de suas ações... Seja como for, quando nos despedimos de Yennefer, ela parece disposta a tentar descobrir.
Se movendo consideravelmente mais devagar do que as linhas narrativas de Geralt e Yennefer, Ciri está prestes a se tornar o Frodo de The Witcher.
Esse é outro episódio em que não vimos muito mesmo após o bom cliffhanger do capítulo passado.
Ciri foi atraída até a floresta de Brokilon e ela e Dara encontraram um grupo de dríades.
As habitantes da floresta ofereceram a ela água que a ajudaria a esquecer seus problemas e, quando isso falha, permitem que ela beba da seiva de uma árvore. Isso envia a jovem em uma viagem mental que parece saída de Wakanda ao mesmo tempo em que os nilfgaardianos usam sua própria magia para localizá-la.
The Witcher chega à metade mantendo um surpreendente crescendo de qualidade. Se as coisas continuarem nesse ritmo é justo imaginar que a Netflix não tenha apenas encontrado a sua Game of Thrones, mas possivelmente a melhor série de fantasia medieval da TV/serviços de streaming.

“Você nunca se envolve. Exceto que você se envolve. O tempo todo.”

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