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terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Resenha Série: The Witcher, Temporada 1, Episódio 8: Muito Mais


Por mais que o título da série seja The Witcher, a verdade é que o programa deixou bem claro desde seu segundo episódio que está interessada em muito mais do que Geralt de Rívia.
Com suas três linhas cronológicas paralelas sendo observadas do ponto de vista de três personagens principais mais uma dúzia de personagens secundários dando vislumbres de um intrincado cenário político em um mundo de fantasia assolado pela guerra, se havia uma certeza para essa primeira temporada é que a série não chegaria nem remotamente perto de amarrar todas as pontas que foram sendo deixadas ao longo dos sete episódios anteriores.
O mais inesperado, pra mim, foi ver Geralt tão apartado da ação ao longo do final da temporada.
Logo no começo do episódio, após ter deixado Cintra sob ataque rumo às florestas, Geralt é mordido por um Ghoul salvando um comerciante bem-intencionado.
A partir daí, a participação do Bruxeiro titular no episódio se resume a uma série de delírios febris conforme ele luta contra o envenenamento do ataque. Nesse ínterim temos uma série de flashbacks da infância de Geralt, incluindo como ele chegou a Kaer Morhen, a fortaleza onde os witchers são criados e treinados. E até quase o fim do capítulo, isso é essencialmente o que Geralt faz em Muito Mais.
Pois nesse capítulo, o grande arco pertence a Yennefer. Ao longo de toda a temporada a morena vem tentando arrancar sentido para sua vida após deixar Aretuza, e essa busca chega ao seu pináculo em Sodden Hill.
Lá, os rebeldes do conselho de magos realizam uma desesperada tentativa de frear o avanço das forças de Nilfgaard antes que eles cruzem uma ponte que lhes dará acesso irrestrito aos treinos do Norte.
Mesmo com uma grande quantidade de magos do lado dos rebeldes, ninguém parece ser páreo para os poderes de Fringilla, e aqui cabe dizer que The Witcher talvez tenha negligenciado um pouco a personagem.
Eu sei que Fringilla foi uma colega de Yennefer em Aretuza, que ela é sobrinha de um cabeça do conselho e que agora está super poderosa e do lado dos vilões, mas francamente, não faz diferença pra audiência.
Nós jamais conhecemos essa personagem o bastante pra que suas ações nos soem como uma grande traição... Sem conhecer um arco para a personagem, Fringilla ela é apenas mais uma oponente do lado dos nilfgaardianos.
Mas se Fringilla carece de um arco de personagem, Yen ganha um arco particularmente inspirado após conversar com Tissaia.
Veja, desde que conhecemos Yennefer, uma jovem que cresceu na pobreza, vítima de abusos e humilhações, ela parece querer usar seus poderes para se vingar do mundo, para conseguir tudo o que deseja custe o que custar.
Mas na batalha de Sodden Hill parece criar um marco para Yennefer. Uma mudança de paradigma em sua jornada. Ela vinha tentando (aparentemente há anos) recuperar a habilidade de gerar filhos pensando em seu legado. É possível que a batalha que irrompe da invasão nilfgaardiana tenha mostrado à feiticeira de Vengerberg que há outras formas de legado disponíveis no mundo, mas será que os poderes de Yen e dos outros vinte e um magos e magas dispostos para a defesa do Norte serão suficientes para impedir o avanço de Nilfgaard?
A batalha de Sodden Hill, porém, não é o desfecho de The Witcher.
A série pode ser só te mais do que apenas Geralt, mas o Bruxeiro é um dos personagens fundamentais do tripé de protagonistas da série, e seu encontro com Ciri, que vem sendo desde o começo a razão de ser de The Witcher, ainda precisa acontecer...
A primeira temporada de The Witcher deixou claro que os livros de Andrzej Sapkowski têm bala na agulha pra sustentar uma série respeitável.
O elenco e o valor de produção de The Witcher mostraram que a Netflix reconheceu esse potencial e está disposta a tornar o Bruxeiro a sua Game of Thrones (de preferência com um final decente...). A resposta morna da crítica não refletiu a empolgação do público, e uma segunda temporada já foi encomendada, e começa a ser gravada no início de 2020 para chegar à Netflix apenas em 2021.
Sim... Haverá um longo hiato pela frente antes de vermos como The Witcher irá se desdobrar, mas ao menos sabemos que a série irá continuar. Até lá, os livros estão enchendo as prateleiras das lojas especializadas e sempre teremos um milhão de horas de The Witcher III: Wild Hunt para Playstation 4...
Talvez dê pra amainar a espera.

"Libere seu caos."

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