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segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Resenha Série: The Witcher, Temporada 1, Episódio 6: Espécies Raras


Após dar uma parada em sua escalada de excelência no quinto episódio, The Witcher abraçou novamente uma natureza algo episódica conforme havia feito em Lua Traidora e De Banquetes, Bastardos e Enterros para retomar o ritmo.
O episódio tem todos os elementos mais tradicionais das histórias de caça a monstros em fantasias medievais. Um rei qualquer lançou uma caçada a uma das mais perigosas criaturas que rondam os reinos: Um dragão verde.
O prêmio ao responsável pela morte da besta: Manter o tesouro do dragão, um título de nobreza sobre terras vassalas, duas coisas que não interessam a Geralt, que acaba de terminar um serviço e planeja seguir seu caminho rumo ao próximo, conforme ele tenta explicar a Borch (Ron Cook), um velho endinheirado que planeja fazer sua primeira e última aventura na vida caçando a fera.
Borch está acompanhado de duas guerreiras competentes, Téa e Véa (Adele Oni e Colette Tchantcho), mas ele sabe que um witcher experiente não é uma companhia desprezível em uma empreitada de tal natureza.
Se Geralt parece irredutível na peremptoriedade de sua negativa, ele não precisa de mais do que um vislumbre de uma das concorrentes pela cabeça do monstro para mudar de ideia.
Yennefer de Vengerberg também está envolvida na empreitada, acompanhada pelo cavaleiro Eyck de Denesle (Jordan Renzo), com quem, aparentemente, planeja dividir os espólios. Eyck ficaria com o título e a propriedade, e a feiticeira tem planos para o dragão em si. Isso basta para fazer o carniceiro de Blaviken se juntar ao grupo de Borch, um dos quatro na corrida pelo dragão. O outro é um grupo de anões chefiados por Yarpen Zigrin (Jeremy Crawford) e o quarto um bando de foras-da-lei com caras de poucos amigos.
Muito da diversão em Espécies Raras vem de observar a maneira como The Witcher desconstrói os estereótipos mais comuns dos contos de fadas. Há genuína graça na maneira como o nobre sir Eyck de Denesle é vazio em suas bravatas e atos de cavalaria, ou na nota repetida por The Witcher de que em muitas ocasiões, quiçá na maioria delas, os monstros piores não são as criaturas se esgueirando nas sombras, mas sim as pessoas que povoam o mundo à vista de todos.
É uma nota repetida em um episódio com mais cara de procedural, mas isso se justifica porque esse sexto capítulo da temporada está menos interessado na história que deseja narrar do que em explorar a ligação entre Geralt e Yennefer. O bruxeiro fica obviamente enciumado quando vê sua morena com outro espadachim a tiracolo e essa está longe de ser a maior demonstração de fragilidade do protagonista em Espécies Raras.
Quando os dois conversam na tenda da maga é provavelmente o momento mais íntimo e emocionalmente honesto que a audiência tem a chance de ver tanto de Geralt quanto Yennefer desde o início do programa.
Claro, há o fato de que após uma briga com um gênio e uma trepada, talvez a ligação dos dois personagens pareça forçada. Não há lastro para o casal como há para os personagens individualmente. Com a linha narrativa do seriado sendo tão propositalmente zoada, nós nem temos como saber se o encontro dos dois no capítulo passado foi o último ou se eles andaram se esbarrando outras vezes, seja como for, em Espécies Raras Yen acaba fazendo uma descoberta que joga um balde de água fria no romance incipiente dos dois.
Enquanto isso, em outro tempo e local, Ciri e Dara continuam sendo escoltados pelo doppler se passando por Mousesack. Dara, porém, parece saber que há algo de errado com o mago, e, eventualmente, os três acabam separados.
Novamente é importante dizer que Ciri oficialmente se transformou no Frodo/Daenerys de The Witcher. A sua linha narrativa é importante para a história, a personagem é central à trama, e, infelizmente, é tudo muito, muito chato. Nada do que acontece na ponta de Ciri na história nos importa além das eventuais ramificações que possam surgir para Yennefer ou Geralt, até mesmo o misterioso cavaleiro negro que, nesse episódio ganha um nome, Cahir, começa a se tornar mais interessante do que a leoazinha de Cintra, conforme nós descobrimos que, ao menos sob sua ótica, ele acredita ser o herói da história. E a despeito de ter dúvidas se será capaz de cumprir sua missão, parece ter seu ânimo renovado após, em uma conversa com a ex-colega de Yennefer, Fringilla (Mimi Ndweni), que lhe assegura que a Chama Branca ainda queima nele.
Espécies Raras parece ter começado a acelerar novamente após o breque de Apetites Engarrafados. Não é a série em seu melhor, mas o episódio, a despeito de sua insistência quase didática no tema da importância de gerar filhos e família funciona, talvez tivesse funcionado ainda melhor se as partes com Ciri tivessem sido limadas e o orçamento para animar os dragões tivesse sido sensivelmente inflado.

"-Lady Yennefer, posso escoltá-la até sua tenda?
-Você se juntará a mim?
-Minha dama, eu jamais degradaria sua honra de tal maneira.
-Eu odeio revelar isso pra você, mas esse navio já zarpou, naufragou e afundou ao leito do oceano."

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