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segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Resenha Série: O Mandaloriano, Temporada 1, Episódio 8: Capítulo 8: Redenção


Foi bom enquanto durou.
Após dois meses a curta temporada de estréia de O Mandaloriano chegou ao fim com um finale de quarenta e oito minutos dirigido por Taika Waititi e, rapaz, o sétimo episódio de O Mandaloriano não havia terminado bem para Mando e o grupo improvisado de companheiros que viajaram com ele até Nevarro para acertar as contas com O Cliente.
Se Greef teve uma mudança de disposições de última hora após o bebê Yoda salvá-lo da morte, a chegada do Moff Gideon (Giancarlo Esposito) com um enorme grupamento de imperiais deixou Mando, Greef e Cara entre o martelo e a bigorna, enquanto Kuill e seu Bluurgh não foram páreo para as speeder bikes dos scout troopers em seu encalço.
O oitavo e último episódio da temporada de O Mandaloriano começou assim:
Nossos heróis estavam encurralados em um covil cercado por Gideon e seus homens em ridícula desvantagem numérica e de poder de fogo, enquanto o bebê Yoda havia sido capturado pelos troopers que, agora, apenas aguardavam pelo que deveria ser uma rápida resolução para o impasse na cidade e as ordens de seu oficial comandante para entregar seu precioso refém.
A única coisa com a qual Gideon e seus homens não contavam, era a presença de IG-11 na Razor Crest.
Mas será que o dróide caçador de recompensas foi alterado o suficiente por Kuill a ponto de intervir? E se o fizer, ele será páreo para o enorme esquadrão que Gideon trouxe a Nevarro?
O season finale de O Mandaloriano vem carregado de revelações, de coisas relativamente pequenas, como o planeta de origem de Cara (Carasinthia) Dune, nativa de Alderaan, o que certamente explica a vontade de matar imperiais da morena, até coisas grandes como o nome verdadeiro de Mando, ou a posse atual de uma poderosa relíquia de Mandalore, mas tudo começa bem simples. Na verdade, como era de se esperar em um capítulo dirigido por Taika Waititi, começa com comédia rasgada, quase meta, quando dois scout troopers conversam tranquilamente enquanto aguardam ordens de seus superiores, tratando com surpreendente casualidade o fato de que os oficiais imperiais têm tendência a matar seus subordinados e errando miseravelmente um alvo aleatório que não parece estar particularmente distante dos dois.
Seria uma decisão arriscada já que a sequência, genuinamente engraçada para qualquer fã de Star Wars habituado ao modo como as autoridades imperiais estabelecem dominância e ao termo "mira de Stormtrooper" resvala perigosamente na possibilidade de quebrar o tom do episódio, e da série até.
Mas Waititi é um diretor competente, e se ele simplesmente parece incapaz de evitar a comédia em seus projetos, não é menos verdade que o homem sabe dirigir ação e emoção, e Redenção está repleto de ambos.
Nós temos, por exemplo, o mais extenso flashback da origem de Mando até aqui. Vemos quando o menino está sob a mira de um droide de combate separatista durante o Expurgo, prestes a ser assassinado quando um mandaloriano chega para resgatá-lo. Não é exatamente uma história de origem das mais revolucionárias, mas oferece um lastro sólido para o comprometimento de nosso herói para com O Caminho de seus salvadores tanto quanto sua resistência em abandonar o bebê Yoda nas garras d'O Cliente no terceiro episódio da série. A Criança é um enjeitado encontrado por um mandaloriano como ele fora uma vez.
Essa história de origem também ajuda a justificar o ódio de Mando por dróides em geral, um ódio que é testado até as últimas consequências ao longo do episódio por causa de IG-11 que rouba a cena em cada oportunidade.
Entre as revelações do episódio, também temos, finalmente, um personagem que reconhece os poderes do bebê Yoda como habilidades de Jedi. É estranho que ninguém, nem mesmo Cara Dune, uma ex-soldado da República seja familiar com a Força (nos anos finais da Rebelião "que a Força esteja com você" era meio que a saudação oficial dos mocinhos e Luke Skywalker era meio que importante na época...), já era estranho pensar que, em vinte anos, os Jedi tinham ido de polícia da galáxia a lenda, mas em cinco? Com sorte descobriremos, no futuro, porque ninguém parece saber do papel desempenhado por Luke Skywalker que, à essa altura deveria estar com sua academia Jedi funcionando, na volta da democracia.
Enfim, a despeito de eventuais tropeços, O Mandaloriano termina sua primeira temporada na alta. A série não foi perfeita, e nem precisava ser, o mero fato de ser um projeto criado por pessoas que obviamente amam e entendem Star Wars e ter uma história para contar (Ao invés de ser, tu sabe, não ser apenas um veículo para espalhar as ideologias de Kathleen Kennedy e encher ainda mais os cofres da Disney) já tornam O Mandaloriano um projeto fácil de gostar.
A série mostrou que não existe "fadiga de Star Wars", e que a Fandom Menace não é tão ameaçadora se for tratada com um mínimo de respeito, além de deixar claro que a TV é, sim, um veículo viável para Star Wars em live action. O formato comporta tranquilamente a mitologia e o valor de produção da saga espacial mais querida do entretenimento para narrar histórias que filmes talvez não pudessem.
Com sorte Mando e o bebê Yoda encontrarão um final feliz para seu clã de dois. Mas que esse final custe a chegar.
Demora muito pro lançamento da segunda temporada?

"-Você ganhou seu sinete. Vocês são um clã de dois.
-Obrigado."

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