Pesquisar este blog

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O Poder do Argumento


Ele entrou no quarto rindo amarelo sob gritos de "babão", vindos da sala.
Tirou a camiseta e a jogou no banheiro contíguo. Ele ouvia os convidados conversando na sala quando ela entrou, também rindo.
Ele parara em frente ao guarda-roupas procurado uma outra camiseta para substituir a camisa suja de molho de tomate que acabara de tirar. Ela parou ao seu lado sorrindo, não estava embriagada, mas certamente bebera um pouquinho.
Ele perguntou se ela vira sua camiseta do seu Madruga. Ela se aproximou casualmente olhando o fundo do armário, e, sem aviso, virou-se para ele, beijando-o de forma ardente.
Sem parar, virou as costas dele para o armário empurrando-o para dentro e fechando a porta em seguida.
-Tá maluca? -Ele perguntou em um estranho misto de grito e sussurro com a cabeça entre os cabides.
-Shhh, ninguém vai perceber.
-Como ninguém vai perceber, mulher? Tá doida? E se alguém abre esse armário?
-Por que alguém abriria o armário?
-Hã... Pra procurar o casal que sumiu de repente da festa, quem sabe?
-O pessoal tá ocupado festejando, ninguém vai procurar a gente.
-"O pessoal"... Eu subitamente me vejo na obrigação de lembrar, são quatro casais. Acredite quando eu digo, em um grupo de oito pessoas, duas fazem uma falta danada.
-Mas os seis que sobraram falam pra caramba.
-Com a gente, Roberta, os seis que sobraram falam pra caramba com a gente, entre eles, não tanto.
-Ai, Anderson, não seja chato.
-Desculpa, desculpa, que cabeça a minha, que tipo de estraga-prazeres eu sou por querer que nós façamos isso depois que os convidados forem embora.
Ela soltou ele.
-Qual o problema?
-Como qual o problema? Lá fora tá cheio de gente que nós, não, não, que tu convidou.
-E daí?
-E daí que, se os anfitriões desaparecem eles provavelmente irão procurar antes de ir embora.
-Tá bem, se tu quer tanto ir pra lá ficar com eles...
-Eu quero? Eu quero? Eu nem queria essa gente toda aqui! Tu convidou eles! Eu odeio gente. A única coisa que eu odeio mais do que receber gente estranha em casa é gente estranha me flagrando fazendo sexo no guarda-roupa da minha própria casa, uma perspectiva, diga-se de passagem, cada vez mais palpável.
-Antes tu gostava...
-Ainda gosto, mas há uma questão importantíssima que tu está obviamente deixando de lado. O timming. E adoro fazer sexo escondido em lugares públicos, mas não num jantar pra oito pessoas, onde pelo menos cinco delas são íntimas da anfitriã, e, sem sombra de dúvida sentir-se-ão não só á vontade, mas também no direito, e até por que não dizer, no dever, de procurar pelos donos da casa se eles desaparecerem inexplicávelmente por meia hora durante a festa.
-Meia hora? Eu tinha pensado numa rapidinha de dez, quinze minutos.
-Tu sabe... Tu sabe que eu não consigo desenvolver em quinze minutos, em quinze minutos eu não aproveito nada. E, se por uma eventualidade a gente começasse e tu ficasse mandando eu me apressar, aí, sim, eu não iria conseguir aproveitar nada, mesmo. Preciso de tempo, tempo que nós não temos. Já tô até vendo a cara da enxerida da Veridiana aparecendo aqui na porta do armário, rindo feito um macaco e se desculpando, depois ela ia prometer que ficava entre nós, mas assim que eles entrassem no elevador ela ia contar pra todo mundo.
-Bom... Eles certamente não iriam mais querer vir aqui em casa.
O rosto dele se iluminou. Agarrou ela pela perna, fazendo-a enlaçá-lo pela cintura enquanto a beijava e dizia:
-Tá, mas faz bastante barulho.

2 comentários:

  1. hahahahahahahahahahahaha aparece Veridiana empata-foda, aparece !

    ResponderExcluir
  2. Argumentos, argumentos... ainda bem que não andam em falta!

    ResponderExcluir