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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Resenha DVD: Coração Louco


Quando era fedelho, lembro de, sábado á noite poder ficar acordado até mais tarde, e assistir à Sessão de Gala depois do Supercine, o que me dava a oportunidade de ver diversos bons filmes, filmes de adulto, como Querem me Enlouquecer, O Violinista no Telhado, Susie e os Baker Boys, o que me levou a ter uma relação bastante próxima com alguns atores que, hoje em dia, andam meio sumidões mas que eram astros nos anos setenta e oitenta, como Richard Dreyfuss, Kurt Russel, e Jeff Bridges.
Sou fã de Jeff Bridges, sempre fui. Me lembro de, molequinho, assistir Starman e achar aquele filme muito legal, Tron, também, eram dois filmes recorrentes na minha infância, e lá estava o Bridges estrelando os dois.
Foi mais velho, porém, quando me tornei um cinéfilo "invertebrado", e um assíduo frequentador de cinema, que pude, de fato, medir todo o talento do ator.
Fosse em Homem de Ferro, K-Pax, ou Provocação, Bridges sempre entrega uma boa atuação, e eu me perguntava como um ator maduro como ele ainda não tinha recebido aquele papel, sabe? O papel, aquele que deixa um intérprete mostrar tudo o que pode fazer. O seu Daniel Plainview, o seu Oscar Schmidt, seu Wladyslaw Szpilman, claro, ele teve "The Dude" Lebowski, mas comédias, mesmo as mais excelentes, raramente rendem honrarias á atores...
Enfim, nesse final de semana e catei na locadora Coração Louco, filme que deu ao ator seu primeiro Oscar, e que eu não pude ver nos cinemas, e descobri que o grande personagem de Bridges finalmente foi oferecido ao cara.
Bad Blake (Jeff Bridges, excelente) é um ex-astro da música country. Ele brilhou em um passado não tão recente, e, nos dias de hoje, viaja pelo sul dos Estados Unidos fazendo apresentações únicas em pequenos bares de beira de estrada e boliches decadentes, locais frequentados por pessoas de sua faixa-etária, e que ainda reconhecem em Bad o astro de outrora.
O cantor segue itinerando por pequenas cidades onde encontra companhia para passar a noite nos quartos de motel barato onde se hospeda, conhecendo em cima da hora a banda local que o acompanhará naquela apresentação, apenas, e buscando, de alguma forma, sobreviver ao ostracismo que se avizinha.
Aos cinquenta e sete anos de idade, sem dinheiro, sendo relegado pelas gravadoras que não querem mais financiar seus discos solo, Bad luta para se manter à tona do esquecimento, afogando as mágoas em litros e mais litros de uísque, e, eventualmente, dando uma entrevista, como a que cede à Jean (Maggie Gyllenhaal, encantadora.), repórter de um pequeno jornal de Santa Fé, no Novo México.
Bad se encanta com a doçura de Jean, ela cede ao charme caipira do velho músico, e, á despeito dos riscos de se envolver com um sujeito mais velho, alcoólatra e que já foi casado cinco vezes, a mãe solteira e o cantor engatam um relacionamento.
Ao mesmo tempo, a carreira de Bad pode ganhar um impulso graças á uma apresentação para doze mil pessoas em Phoenix, o único senão é que Bad terá de abrir um show para seu ex-pupilo, Tommy Sweet (Colin Farrell, muito bem.), que, depois de anos tocando na banda de Blake, seguiu carreira solo e se tornou o astro country do momento.
Bad, acaba aceitando o convite, e o encontro com Tommy pode mudar o rumo de sua carreira e de sua vida, isso se o cantor não pôr tudo á perder com seus vícios.
No final das contas Coração Louco é um filme interessante, se não fosse por Bridges, talvez não passasse de um filme mediano, entretanto, o ator mostra com maestria a melancolia de um astro decadente que vê o crepúsculo de sua carreira e até de sua vida cada vez mais perto, e se flagra diante de um encruzilhada onde a alternativa à mudança é o fim. As canções de T-Bone Barnett, entoadas pelo próprio Bridges, dão mais peso ao filme, e o elenco afinado que conta, ainda com Robert Duvall, ajuda Bridges a brilhar e abrilhantar um filme que, com outro ator no papel principal, talvez se tornasse esquecível.

"Filho, eu toquei doente, bêbado, divorciado e foragido. Bad Blake jamais perdeu um maldito show em toda a sua porra de vida."

2 comentários:

  1. Coincidência eu também já vi muito O Violinista No Telhado na Sessão de Gala !
    O filme é bélissimo, a atuação de Jeff , as canções e o desenrolar das coisas que não saem do jeito que Bed planejou garantem um filme interessante do inicio ao fim!

    *ps: esse Provocação é aquele filme muito bom com aquela loira que eu esqueci o nome não é ?

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