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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Resenha DVD: Capitalismo: Uma História de Amor


Desde que assisti Roger & Eu, pescado ao acaso durante uma madrugada insône de TV vários anos atrás, eu me tornei fã de Michael Moore.
Li alguns dos livros do sujeito (Stupid White Man, e Cara Cadê meu País? estão na minha estante.), e sigo fielmente seus documentários.
Não sou ingênuo á ponto de acreditar que o sujeito faz "cinema verdade". Eu sei que Michael Moore edita seus filmes com extremo cuidado e joga com as emoções da platéia. Sei que seu "cinema verdade" é tão cinema quanto cinema pode ser, baseado nos cuidados da produção, da trilha e montagem.
Michael Moore é panfletário, também. É militante, mesmo. Mas, talvez pela saída de George W. Bush da Casa Branca, Moore, nesse seu último trabalho, parece um pouco mais leve, ainda mais do que esteve no bom S.O.S. Saúde.
Capitalismo: Uma História de Amor mostra como o sistema econômico que tornou os EUA a maior potência do planeta demorou pra cobrar seu preço mas o cobrou com juros e correção monetária.
O filme de Moore é um bem fundamentado documento de como a América vergou ante o peso do corporativismo, de como o povo dos EUA foi colocado em segundo plano pelas classes dominantes e no quanto as pessoas estão dispostas á sacrificar em nome de uma margem de lucros maior.
Como em seus filmes anteriores o cineasta mistura elementos reais e ficcionais, embasamento histórico e retórica pura, não para mostrar um cenário amplo e deixar que o espectador tire suas conclusões, mas contando uma história onde ele aponta acusadoramente quem são os mocinhos e quem são os vilões.
É impossível não ter vontade de esganar Alan Greenspan, Bernie Madoff, Regan, Bush Jr., e outros "vilões" do filme quando somos confrontados com o resultado que o sistema gera, como as pobres famílias sendo despejadas de suas casas.
Pra muita gente esse é o principal defeito da filmografia de Moore, o fato de o cineasta manipular de forma bastante clara a mensagem que quer que seu filme passe. Quem não se importa de ser conduzido, ou consegue flutuar acima da correnteza de argumentos do diretor sem dúvida irá aproveitar o passeio.
Mais do que câmeras fechando nos olhos marejados de uma senhora de meia idade que tem que limpar a casa pra entregá-la ao banco que lhe tomou a propriedade Capitalismo: Uma História de Amor é um filme divertido, bem construído, e que ainda oferece ao espectador no que pensar.
Michael Moore pode ser panfletário, militante, manipulador e o que mais quiserem chamar ele, mas faz cinema de qualidade, e, quando vou ao cinema, é isso que eu quero ver.
Se no futuro ele dirigir um documentário que achincalha os niilistas misantrópicos talvez eu me sinta atingido e o deteste, até lá, sigo sendo fã de Moore e seu cinema "verdade".

"Isso é o capitalismo. Um sistema de dar e retirar... Normalmente retirar."

2 comentários:

  1. O primeiro filme que vi dele foi "tiros em Columbine", depois 11 de setembro. o roimeiro foi para um trabalho de cultura de Paz e a fundamentação no desarmamento. Parei de ver os filmes do Charlton Heston devido sua "militancia" do armamento. Em muitas coisas me identifico com o diretor, e digo o quanto é difícil seguir suas ideias, uma vez que elas vão de encontro a maré!!!
    Mas como sou do contra, sou uma idealista! Quem sabe uma das últimas!!!

    Gosto dos filmes dele, o mínimo que se consegue é ficar com a pulga atrás da orelha, pensar que é possível haver algo por tras das cortinas, dos olofotes e dos discursos!

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  2. É sempre bom quando alguma forma de entretenimento além de divertir consegue plantar umas pulgas atrás da nossa orelha.

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