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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Revendo O Homem de Aço.


A essas alturas, quem queria, mesmo, ver O Homem de Aço, filme que dá um digno reinício à franquia do Superman no cinema, já foi.
É por isso que vou escrever esse texto, recheado de spoilers, só agora.
Viu? Haverá spoilers, então, se tu não quer saber sobre coisas que acontecem no filme, detalhes sobre o enredo, e ter surpresas em potencial arruinadas, esse é o momento de sair daqui.
Ficou?
Beleza.
Bom, senão vejamos:
Lois Lane:

Em O Homem de Aço, Lois Lane rastreia o protetor misterioso que realiza salvamentos pelos EUA afora até Clark Kent, no que parecem ser alguns dias.
Por mais que isso fosse um artifício para mostrar o quanto Lois Lane é uma repórter investigativa fodaça, é forçado.
É forçado porque, se Lois, tendo visto o sujeito apenas uma vez, conseguiu, em alguns dias, usando apenas o boca a boca, chegar até a fazenda Kent, o que o exército dos EUA, o FBI, a CIA e a FEMA poderiam fazer em meia hora com todos os recursos que têm á disposição?
Não bastasse isso, após a senhorita Lane, uma exterminadora do futuro em termos de fome de manchetes, capaz de vazar sua própria história na internet apenas para vê-la publicada, descobrir a identidade de um alienígena benevolente vivendo a mais de trinta anos nos EUA realizando feitos sobre-humanos em nome do bem-estar dos seus convivas adotivos, é tomada por uma epifania moral, e jura guardar o segredo de Clark no que poderia ser resumidos como:
"-Arrá! Vasculhei os Estados Unidos de cabo a rabo falando com Deus e todo mundo, mas finalmente descobri seu segredo, Clark Kent!
-Por favor, não conte pra ninguém.
-OK, seu segredo está seguro comigo."
Não bastasse isso, ainda existe, no roteiro do filme, uma tendência suicida de inserir Lois Lane na ação a qualquer custo.
Não há nenhuma razão plausível para ela ser convidada à nave do general Zod.
Nem para ela estar na aeronave que leva o aparato improvisado da Zona Fantasma ao Motor Mundo dos Kryptonianos, tampouco para ela encontrar o Superman após o desfecho de seu duelo com Zod, que foi até fora do planeta e voltou.
Pra piorar, o romance de Lois com o herói é extremamente forçado e artificial, ainda bem que Amy Adams é boa atriz e tem aquelas panturrilhas lindas, aquele narizinho pontudo e a quela cabeleira cor de laranja.

Jor-El, Lara Lor-Van, Jonathan e Martha Kent:

Jor-El, um cientista pró-ativo de Krypton poderia facilmente parafrasear Lex Luthor e dizer que a mente suplanta os músculos para explicar como ele é capaz de dar nó em cima de nó nos milicos de seu ex-amigo, general Zod.
O problema é que, na maior parte do tempo, Jor-El suplanta os militares rebeldes de Krypton na porrada, mesmo. É de se estranhar que um sujeito que, desde a proveta, foi passando por seleções que o levaram à viver da mente, seja capaz de trocar socos com sujeitos que nasceram pro combate, e levar a melhor. Se não fosse Russel Crowe no papel, poderia até soar forçado.
Lara aparece pouco no filme, e esse é provavelmente o único motivo de queixas quanto à personagem. Ayeleth Zurer é muito gata, e merecia mais tempo de tela...
Jonathan Kent aparece no filme como um sujeito extremamente protetor para com seu filho adotivo. Ás vezes protetor demais.
Seu zelo para com o segredo de Clark é tão forte que, na maior parte do tempo, a origem alienígena como messias espacial sobrepõe a criação terrestre do rapaz como grande combustível da propensão à ajudar pessoas do Superman. Mesmo sendo um retrato honesto e até bonito do amor paterno de Jonathan, essa faceta causa algum estranhamento aos fãs de longa data, assim como a circunstância de sua morte, pra lá de discutível.
Melhor sorte tem a Martha Kent de Diane Lane. A mãe terrestre do Superman é excelente, alcançando o mesmo patamar de excelência de Jor-El em termos de carisma e identificação. Todo mundo vê um pouco sua própria mãe na Martha de Diane Lane.

Os Criminosos da Zona Fantasma:

Excelente é a primeira coisa a se dizer de Zod. A interpretação de Michael Shannon no papel do responsável pela proteção de Krypton é ótima, cheia de uma franqueza crua que torna o genocida espacial quase simpático à audiência.
Como um sujeito que foi praticamente criado para defender o povo kryptoniano é fácil entender os excessos de Zod, sua ira ensandecida e sua frieza quase psicopata.
A Faora-Ul de Antje Traue é pouco explorada, mas tem sua razão de ser na disciplina pétrea do exército Kryptoniano e sua lealdade genética a Zod e sua causa.
Pra completar ainda é gata pra caramba e tem jeito pra pancadaria.

O polêmico Final.

OK, aqui o que talvez seja o grande spoiler do texto. Ainda dá tempo de ir embora...
Superman mata o general Zod.
Sim. Com sua força hercúlea o Superman parte o super-pescoço de Zod quando o vilão ameaça calcinar civis inocentes encurralados com sua visão de calor.
Grant Morrison se queixou a respeito, Mark Waid chiou, Michael Lark se queixou, também, os fãs puristas quase inundaram os fóruns da internet de tanto que choraram a respeito... Mas a pergunta que deveria ser feita, é:
Dentro do que é estabelecido no roteiro do filme, faz sentido?
E a resposta é sim!
A morte de Zod não é, de forma alguma, gratuita ou forçada.
Além de fazer sentido no contexto do longa, a morte do vilão também faz parte do processo de formação da persona heroica do Superman. Uma forma visceral de mostrar o choque de realidade existente entre o mundo no qual Clark Kent/Kal-El gostaria de viver, e o mundo onde ele efetivamente vive.
É também uma forma de estabelecer esse novo Superman dentro do contexto religioso, que permeia o filme todo, como um personagem que vive entre o humano e o divino, capaz de realizar grandes prodígios, de viver acima da humanidade, mas inegavelmente preso à ela.
Não existe nenhum tipo de forçação de barra no fim do filme para fazer o Superman parecer mais fodão, mais maneiro e descolado e bad ass... Pelo contrário. A forma como se dá a morte de Zod, e a maneira como o Superman reage a ela, com dor e vazio, sem nenhuma espécie de triunfo, diz muito sobre esse herói em formação.
Em suma?
Assista o filme e tire suas próprias conclusões. Apenas não seja injusto.

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