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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Top 10 - Casa do Capita - Quadrinhos: Histórias do Homem-Aranha

"O que seriam as histórias definitivas do Homem-Aranha na tua opinião?", me perguntou um amigo meu, muito fã de Todd McFarlane enquanto conversávamos sobre o meu post a respeito de Tormento, que, de fato, está longe de ser das minhas histórias preferidas.
Bueno... Respondi que, naquele momento, era capaz de elencar três. Justamente as três que encabeçam a lista a seguir.
Mas continuei matutando e cheguei então à dez histórias que considero indispensáveis na biblioteca aracnídea. Formou-se então, mais um infame top-10 Casa do Capita com as dez histórias mais importantes (definitiva é um termo muito forte) do herói aracnídeo.
Confesso que flertei com pelo menos trinta outras histórias pra essa décima posição. Especialmente Guerra de Gangues, uma história bem ao estilo que eu curto, com o Aranha fazendo o papel de vigilante urbano e enfrentando o crime organizado, A Saga da Tabuleta, com o vilão Cabelo de Prata e os confrontos do Aranha e da Gata Negra com o Dr. Octopus e o Coruja.
Talvez tenha sido por Volta ao Lar marcar meu retorno aos quadrinhos após um hiato de cinco anos sem ler gibis, mas essa história pra qual eu inicialmente torcia o nariz, o primeiro arco de J. Michael Straczynski nos roteiros de Homem-Aranha tinha uma quantidade violenta de qualidades que eu sempre considerei importantíssimas no microverso aracnídeo.
À lista:

10 - Volta ao Lar
J. Michael Straczynski, John Romita Jr., Scott Hanna.



Morlun, uma espécie de vampiro energético que se alimenta de heróis com poderes totêmicos chega a Nova York com o Homem-Aranha na alça de mira de sua fome.
Morlun sempre é capaz de encontrar o Homem-Aranha, uniformizado, ou não, e quando o herói foge, ele simplesmente começa a atacar inocentes até que o Aranha volte.
As sequências de luta brutais do Aranha contra Morlun, um adversário terrivelmente forte e praticamente indestrutível são espetaculares, a perseguição empreendida pelo vilão é tensa, e o momento em que o Homem-Aranha percebe que aquela é uma luta que não pode vencer à moda antiga e liga pra tia May para se despedir, é sensacional.
O roteiro bem escrito de Straczynski e a arte ultra dinâmica de John Romita Jr. dão o recado.
Pode-se falar mal de tudo na fase Straczynski, mas essa história, e o fato de Peter Parker voltar à escola Midtown pra ensinar ciências, são ótimas ideias.

9 - Homem-Aranha, Nunca Mais
Stan Lee, John Romita, Mike Esposito.



A mídia negativa, liderada por J. Jonah Jameson e o Clarim Diário, levam Peter Parker ao limite. Não bastasse tudo isso, tia May está doente (pois é, de novo...). A soma dos problemas pessoais de Peter à aversão da opinião pública pelo Homem-Aranha levam Peter Parker à abandonar a máscara, dizendo a histórica frase "Homem-Aranha, nunca mais...".
Peter eventualmente volta atrás após a onda de crimes liderada pelo Rei do Crime deixar claro para o sobrinho favorito do tio Ben que ele tem responsabilidades demais para simplesmente desistir da máscara de das teias.
Clássico absoluto pelas mãos sempre competentes de Stan (the man) Lee e John Romita.

8 - O Duende Macabro
Roger Stern, John Romita, John Romita Jr.



A morte de Norman Osborn deixou um vácuo de vilania na galeria do Homem-Aranha. Levou algum tempo para esse vácuo ser preenchido, e quando isso aconteceu, não foi com o mesmo conteúdo, embora a embalagem fosse muito semelhante.
Alguém encontrou um dos velhos esconderijos de Norman Osborn cheio de tralhas do Duende Verde.
Esse sujeito teve abrilhante ideia de usar o aparato e a aparência (levemente modificada) da antiga nêmese de Peter Parker para se tornar, ele próprio, um super vilão.
O grande barato do Duende Macabro, era que, ao contrário dos outros duendes, ele não era maluco. Era um sujeito calculista que sabia que, se usasse de maneira correta as habilidades e aparato do Duende, poderia ascender no submundo e ficar muito rico.
Roger Stern, artífice dessa beleza ao lado de John Romita, ainda foi especialmente feliz ao criar, em torno da identidade do vilão, um mistério tão sólido quanto o que houve em torno do Duende Verde, e ainda mais intrincado.

7 - O Último Desafio
Brian Azzarello e Scott Levy, Giuseppe Caluncoli.



Eu curtia bastante essa série chamada Tangled Web, um quadrinho que foi brevemente publicado no Brasil e mostrava histórias curtas de criadores sem relação costumeira com o Homem-Aranha.
Houveram belas histórias como Flores para o Rino, histórias hilárias como uma cujo título me foge, mas era estrelada pelo Lápide e pelo Canguru, e histórias ruinzinhas, como O Milhar.
A minha favorita dessa série era justamente essa O Último Desafio, que mostrava o Esmagador Hogan, lutador de Luta-Livre que via o esporte que amava ser ameaçado pelas grandes ligas, mais interessadas no espetáculo do que na lealdade e no respeito do verdadeiro wrestling.
Hogan, então tem um plano para fazer a companhia da qual faz parte voltar a ser um sucesso:
Fazer seu próprio espetáculo.
Para isso, ele cria um personagem, um Esmagador Hogan cruel, maléfico, gozador, desrespeitoso. Alguém a quem os fãs odeiem, alguém contra quem todos queiram lutar. Alguém que todos queiram derrubar, e um prêmio de dez mil dólares pra quem conseguir fazê-lo.
No fim da história, Hogan pensa:
"Os fãs me odeiam. Eu sou seu pior pesadelo. (...) Essa era a beleza da estratégia. Porque se os fãs realmente me odiassem...? O homem que me derrotasse...? Seria um herói...".
E aparecia o magrelo Peter Parker, de cara coberta com uma máscara improvisada subindo ao ringue. De arrepiar.

6 - O Menino que Colecionava Homem-Aranha
Roger Stern, Ron Frenz, Terry Austin.



Na calada da noite, o Homem-Aranha se esgueira para dentro e um hospital. Lá, ele entra no quarto de um menino que se diz seu maior fã.
O garoto mostra ao Homem-Aranha uma grande coleção com todas as aparições do herói na imprensa.
Intercala-se à história em si, trechos de uma edição do Clarim Diário de alguns dias antes, com uma extensa reportagem à respeito do garoto, Timothy Harrison que começa assim.
"Timothy Harrison é um desses jovens especiais. Ele é esperto, brilhante, adorável e tem nove anos de idade... Passando por 35. Você conhece o tipo a que me refiro. Você fala com ele por cinco minutos e tem a estranha sensação de que ele já passou por poucas e boas à respeito da aparência jovem.
Tim (Ele prefere ser chamado Timmy), é como muitos dos garotos da sua idade. Ele viu todos os filmes de Star Wars uma dúzia de vezes, cada. É um grande torcedor dos Mets, e curte qualquer ruído que se passe por música hoje em dia. O que torna Tim diferente da maioria dos seus colegas de classe, é um hobby que J. Jonah Jameson, o estimado editor desse jornal, certamente não aprovaria.
Tim coleciona Homem-Aranha".
O herói passa horas com Tim, vendo sua coleção, conversando com ele, contando sua história e finalmente, partilhando seu maior segredo.
Ao fim do conto, e do artigo, é revelado que Tim está doente. Em estado terminal.
De trazer lágrimas aos olhos.

5 - Homem-Aranha: Azul
Jeph Loeb, Tim Sale.



Menos uma história de super-herói, mais uma carta de amor, o tocante conto de Loeb e Sale mostra um Peter Parker melancólico relembrando a história de como Peter Parker e Gwen Stacy se apaixonaram. Ou melhor, de quase como não se apaixonaram.
Mistura-se na história a declaração de amor de Peter à Gwen com a declaração de amor de Loeb à época em que Stan Lee e John Romita, egresso de quadrinhos românticos, transformaram o Homem-Aranha em um gibi que era quase uma novelinha, com tramas românticas entrecortadas por pancadarias super-heroicas.
O trabalho de Loeb, transpirando coração, e a arte esquisita e magnética de Sale, transportam o leitor de volta a um tempo em que o mundo era mais simples, bonito e colorido, mesmo pra quem nasceu com o azar dos Parker.
Obrigatória.

4 - A Morte de Jean DeWolff
Peter David, Rich Buckler, Joe Rubinstein(E outros).



É engraçado pensar que a capitã DeWolff, apenas uma coadjuvante despretensiosa nas histórias, cuja principal característica parecia ser o figurino anos cinquenta e o fato de ela ser a única policial que não odiava o herói, se tornaria uma personagem tão importante na cronologia e na mitologia aracnídea ao ser brutalmente assassinada pelo maníaco Devorador de Pecados.
A morte da policial, apenas a primeira da série de homicídios engendrada pelo vilão, foi o catalisador de uma trama crua e urbana, que mostrava o Aranha enfrentando um tipo de maluco bem diferente do que estávamos acostumados a ver mensalmente nas revistas.
O somatório de episódios que se acumularam sobre o herói do início dos atentados até a descoberta da identidade do assassino quase levaram o Homem-Aranha a cruzar a linha e dar cabo do assassino com as próprias mãos numa história que entra fácil no ranking das melhores estreladas pelo sobrinho preferido da tia May.
O Devorador ainda voltaria, anos mais tarde, para um desfecho igualmente luminoso de sua passagem pela vida de Peter Parker.
O melhor? Recentemente foi republicada pela Panini.

3 - A Noite em que Gwen Stacy Morreu
Gerry Conway, John Romita, Gil Kane.



Sim. Foi em um quadrinho do Homem-Aranha que o impossível aconteceu. A mocinha da história, a namorada do herói, a namorada de todos os fãs do cabeça de teia, morria. Uma morte estúpida e gratuita, como todas as mortes de alguém jovem, bonita e cheia de vida são. Pelas mãos de um psicopata vingativo que alcançou um nível de perversidade e torpeza tão elevados que não podia continuar vivendo.
Era um soco na boca do estômago de cada fã de quadrinhos. Ninguém estava a salvo. Não havia limites para a vingança do Duende Verde, o vilão que tornou a rixa herói x vilão pessoal ao resolver que enfrentar apenas o Homem-Aranha não era o bastante, e que Peter Parker e seus entes queridos também deviam sofrer sua ira.
Conway, Romita e Kane entregaram uma história poderosa, que mostrava a fragilidade da vida ante a maldade, mas também o poder da humanidade e da misericórdia de Peter Parker, o homem sob a máscara do Homem-Aranha.

2- A Última Caçada de Kraven
J. M. DeMatteis, Mike Zeck, Bob McLeod.



John Mark DeMatteis é, ao lado de Stan Lee, Gerry Conway e Roger Stern, um dos melhores escritores do Aranha em todos os tempos, e essa história faz jus à colocação.
Seu conto sombrio do herói, sobre como anos de derrotas humilhantes levaram Sergei Kravinoff, o Caçador, a chegar ao seu limite em busca da limpeza de sua honra é hipnotizante, catártico, grandioso e terrível.
Em um mau momento de sua vida, assombrado pela morte do jornalista Ned Leeds, e de um informante barato, Joe Face, preocupado com a sua tia e com sua esposa Mary Jane, o Aranha é pego desprevenido quando Kraven leva sua luta a um nível totalmente novo.
Derrotado pelo Caçador, enterrado vivo, e superado em seu papel de vigilante por Kraven (ao menos na mente doentia do vilão), Peter encontra em seu amor por Mary Jane a força para "voltar à vida", e tudo isso, lá pela metade da história, que continuaria numa crescente até o confronto do Aranha com Kraven, sua missão de recapturar a criatura conhecida como Ratus e a forma como Kraven, com a honra restaurada, se despede da caçada.

1 - Ninguém Pode Deter o Fanático
Roger Stern, John Romita Jr., Jim Mooney.



Era apenas uma história. Uma história simples em duas partes numa edição qualquer de Homem-Aranha. Mas ali estava tudo o que se devia saber a respeito do personagem:
Um azarão que não media esforços para deter quem quer que fosse, mesmo que o inimigo a ser detido fosse a força inexorável conhecida como Fanático.
O maior duelo de David contra Golias da história da Marvel se concentra numa das mais fantásticas lutas da história dos quadrinhos, brilhantemente arquitetada por Stern e contando com os desenhos sempre inspirados de John Romita Jr., extraindo o máximo de drama e dinamismo de cada quadro.
Lutando como uma fera pra proteger a Madame Teia do ataque iminente do vilão, o Aranha é espancado, esfolado, esmagado através de paredes e espancado de novo por um adversário que não pode ser suplantado através da força nem da agilidade do herói, fazendo o leitor roer as unhas enquanto se pergunta, se nada pode deter o Fanático, o que o Homem-Aranha vai fazer para detê-lo?
Es-Pe-Ta-Cu-Lar.

0 - A Saga do Planejador Mestre
Stan Lee, Steve Ditko.



Uma pequena trapaça, já que essa história não pode ficar de fora de nenhuma lista.
O desfecho da aventura é tão fantastico que pouca gente lembra que nessa história foram apresentados ninguém mais ninguém menos que Harry Osborn e Gwendolyne Stacy.
Na sequência, após derrotar o Planejador Mestre, que revelou-se o bom e velho Octopus, o Homem-Aranha está preso sob toneladas de escombros em uma base sub-marina que está se inundando, a apenas alguns metros de distância do isótopo que pode salvar a vida da tia May, em risco devido à uma transfusão de sangue que ela recebeu de Peter!
No desfecho, três páginas espetaculares onde Steve Ditko mostra tudo o que sabe de composição e drama numa das mais icônicas imagens da história dos quadrinhos.
Não é a toa que os dois criaram o Homem-Aranha. Vão manjar do riscado assim lá na Casa do Capita...

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